Eis um shopping diferente. O tradicional bairro do Leblon, cenário favorito das novelas de Manoel Carlos, ganha em novembro mais um sofisticado ponto para atrair os ricos e famosos do Rio de Janeiro. O Shopping Leblon, um investimento de R$ 300 milhões dos grupos Santa Isabel e Aliansce, terá 240 lojas, quatro cinemas e uma praça de alimentação aberta para a Lagoa Rodrigo de Freitas e o Cristo Redentor. Seria mais um templo de consumo de luxo para a elite, não fosse o forte viés cultural e social do empreendimento. O shopping abrigará uma reencarnação do histórico Teatro Casa Grande, cenário de grandes espetáculos e manifestações políticas da esquerda, que funcionou no local por 37 anos. O novo teatro terá mil lugares e estrutura para concertos e óperas. Será a atração principal de um Centro Cultural administrado pelo governo estadual.

A novidade deverá mudar o perfil do trecho do Leblon que faz divisa com Ipanema.
Ali, os preços dos imóveis vivem nas alturas, apesar de abrigar a Cruzada São Sebastião, maior conjunto habitacional de baixa renda da zona sul. Os construtores investiram pesado na boa convivência com os vizinhos. Além de contratarem
mão-de-obra local para erguer o shopping, montaram um canteiro-escola para formar pedreiros, ladrilheiros e eletricistas. Os trabalhadores ganharam um curso
de ensino fundamental e os jovens entre 16 e 21 anos foram treinados para
trabalhar no comércio. O shopping deverá gerar cinco mil empregos diretos.

Uma das âncoras será a megaloja da Livraria da Travessa. O diretor da grife Richard’s, Ricardo Ferreira, anuncia a maior loja da rede no Brasil. “A Richards nasceu nesta praia”, diz.