Pode estar nas células-tronco, as estruturas capazes de se transformar em vários tipos de tecido, mais uma esperança contra a diabete tipo 1. A doença é caracterizada pela incapacidade de o corpo produzir a insulina, o hormônio que abre a porta das células para a entrada da glicose. Se isso não ocorre, sobra açúcar no sangue. Isso gera conseqüências nocivas, como problemas circulatórios e visuais. Mas uma experiência feita na Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo mostrou que as células-tronco podem ser induzidas a fabricar o hormônio.

No trabalho, uma tese de doutorado, a bióloga Adriana Leite seguiu um caminho interessante. A insulina é produzida pelas ilhotas pancreáticas, um conjunto de células localizadas no pâncreas. O fígado e o pâncreas possuem a mesma origem embrionária e características semelhantes. Por isso, ela resolveu fazer um experimento em camundongos para ver se células-tronco tiradas do fígado
poderiam se transformar em células do pâncreas. Primeiro, ela induziu o fígado das cobaias a uma lesão. Essa ação estimulou o órgão a produzir células-tronco. Trata-se de uma reação natural do fígado, que fabrica as estruturas para regenerar a área lesada. Em seguida, a cientista isolou essas células e as colocou em um meio de cultura com substâncias para induzi-las a se tornarem células das ilhotas pancreáticas. Foi o que aconteceu. “Elas expressaram genes característicos de uma célula produtora de insulina”, afirma. Essas informações indicam que as células podem produzir o hormônio.

A próxima etapa é implantar as novas células no fígado de cobaias com diabete para saber se, lá, elas também produzirão insulina. Elas não podem ser colocadas no pâncreas porque podem ser reconhecidas como corpo estranho e rejeitadas. O avanço da pesquisa para testes com humanos dependerá dos resultados nessa etapa. “Nossa esperança é que, ao serem implantadas em diabéticos, essas células produzam insulina”, afirma Adriana. Tomara.