13/09/2006 - 10:00
Viajar é sempre bom. Percorrer rotas definidas por alguém conhecido, melhor ainda. E se essa pessoa é alguém do quilate de escritores como Luis Fernando Verissimo, Jorge Amado, Fernando Sabino e Ruy Castro, aí é quase o paraíso. Nos roteiros turísticos indiretamente feitos nos livros que escrevem, esses e outros craques da literatura desempenham o duplo papel de guia inspirado e companheiro fiel. Em Paris, por exemplo, Verissimo vai direto ao ponto: passar dois dias dentro do Museu do Louvre dá para ver muito pouco do imenso acervo. Ele recomenda entrar pela polêmica pirâmide, correr para ver Monalisa e… fugir para o bairro do Marais, onde as coisas acontecem e está o delicioso ? e pequeno ? Museu Picasso. Se o assunto é Minas Gerais, pouca gente seria capaz de descrever os encantos de suas cidades históricas com o talento do mineiro Fernando Sabino, autor do ótimo O grande mentecapto. Muitos de seus escritos são preciosos para explicar essas vilas surgidas entre os anos de 1700 e 1800, a época dourada do Brasil. Pérolas como Tiradentes, Ouro Preto, Diamantina e São João del Rey. A intenção é se preparar para conhecer bem Ipanema, onde fascinantes figuras e instituições influem na cultura brasileira desde os anos 50? O livro Ela é carioca, de Ruy Castro, resolve o problema. Ele dá a seus leitores toques precisos sobre o bairro e a Cidade Maravilhosa, violentada por criminosos, mas eternamente o lugar que, como Pelé, identifica o Brasil lá fora. E quando se fala em Bahia e Jorge, o escritor amado por Zélia, sua mulher, e por milhares de brasileiros e estrangeiros, a relação é imediata. Os dois sempre gostaram de ir a Paris, mas é a bela Ilhéus, na Bahia, que trouxe a Amado grandes lembranças. É de lá a ?sua? Gabriela, aquela do cravo e canela, protagonizada nos tempos em que Sônia Braga ainda era a fogosa Sônia Braga. Na literatura é possível encontrar o verdadeiro retrato de seu destino escolhido. Nas páginas de Verissimo é possível saber que o chamado Mausoléu do Robocop é o Centro Pompidou em Paris, um imenso museu construído com todos os seus tubos despudoradamente à vista. A ordem, então, é fazer as malas e viajar com um conhecimento muito superior ao dos que se limitam à monotonia dos guias.