Se o líder mais importante de todas as nações fosse assassinado, quem seria prontamente acusado do crime? Inimigos é o que não falta a George W. Bush, dono de altos índices de impopularidade desde que os EUA deflagraram a guerra no Iraque. Mas quem seria capaz de arquitetar e conduzir o atentado contra o homem mais vigiado e supostamente protegido do planeta? Os seguidores de Osama Bin Laden? Os fundamentalistas islâmicos enraivecidos? Um americano insano? A América mergulhada no ódio assistirá a esse cenário e deverá responder a essa questão. Uma multidão de manifestantes contra a guerra do Iraque se reúne nas proximidades do Hotel Sheraton, em Chicago. Nele, Bush discursa para empresários. Quando sai do hotel, ele é confrontado por um ativista e alvejado pela bala de um franco-atirador. Cambaleia e cai entre seus assessores. Centenas de flashes de fotógrafos disparam diante de um presidente prostrado no chão. O ano é 2007 e a cena é tão realista que não parece ter saído de um filme de ficção. Death of a president (Morte de um presidente), escrito e dirigido pelo britânico Gabriel Range, já causa polêmica antes mesmo de ser apresentado no Festival Internacional de Cinema de Toronto, no Canadá. ?Usar o presidente dos EUA, a pessoa real, como uma personagem fictícia? Para mim, isso está errado?, diz o britânico John Beyer, diretor do MediaWatch-UK, contrário à violência na televisão. Na ficção, produzida pela tevê digital britânica More4, a idéia é questionar como a política externa da Casa Branca vem sendo conduzida por essa administração republicana. ?É um exame rigoroso das mudanças que vêm ocorrendo nos EUA?, diz o diretor da More4, Peter Dale. Para ele, a população americana começa a se indagar sobre os verdadeiros resultados e motivos das guerras do Iraque e Afeganistão. O assassino de Bush no filme é o sírio Jamal Abu Zikri. Poderia ser um iraniano. Na vida real, Irã e Síria são hoje os alvos do presidente Bush. Graças às táticas de documentário, Death of a president se assemelha em muito à realidade. Imagens de arquivo foram manipuladas pelo computador, um ator interpreta Bush sendo assassinado e o rosto do presidente é depois colado na cena. A seqüência cinematográfica parece ter sido espelhada no atentado sofrido em 1981 pelo ex-presidente republicano Ronald Reagan. ?É uma maneira repulsiva de tratar o chefe de Estado de outro país?, disse Eric Staal, do grupo Republicans Abroad in London. O jornal londrino Daily Mirror estampou em sua capa uma foto do filme com a manchete: ?Bush Detonado.? Até o dia 9 de outubro, data prevista para ser veiculada a ficção nos cinemas do Reino Unido, muito ainda se falará sobre um assassinato que não ocorreu.