Um parasita de nome quase impronunciável está causando pânico entre os admiradores da gastronomia japonesa. Em particular, os consumidores de duas iguarias do cardápio: o sushi e o sashimi, pratos preparados à base de peixe cru. Trata-se do Diphyllobothrium spp, um verme encontrado em peixes de água doce. Recentemente, a Vigilância Sanitária de São Paulo descobriu a ocorrência de casos de difilobotríase, doença que provoca dores abdominais, diarréia e vômito. O mal está associado à presença do bicho. Suspeita-se que ele tenha se alojado no organismo das pessoas contaminadas devido ao consumo de salmão cru. Todas tinham se servido do alimento.

O fato de a carne consumida ser importada do Chile, onde a difilobotríase é comum, reforça a tese. A Associação Brasileira de Culinária Japonesa rebate a suspeita, alegando que não está provado que o salmão chileno seja o vilão. Segundo a entidade, o peixe é criado em cativeiro, o que anularia as chances de contaminação. Mas, para acabar com a desconfiança, a associação firmará acordo com os importadores para que o peixe, a partir de agora, seja congelado para ser transportado (antes, era apenas resfriado). “Isso derruba as suspeitas”, diz
Hugo Kawauchi, presidente da entidade, que registrou queda de até 50% no movimento dos restaurantes.

Até 2003, não havia registro de contaminação no Brasil. De um ano para cá, surgiram 28 casos só em São Paulo. Agora, ocorrem notificações no Rio de Janeiro, em Brasília e Belo Horizonte. “Não descartamos a hipótese de que outras espécies estejam comprometidas”, afirma Carlos Fortaleza, da Vigilância Epidemiológica paulista. Na semana passada, o Ministério da Agricultura descartou a possibilidade de epidemia. Ainda assim, o governo decidiu informar que cuidados devem ser tomados. Um deles é ficar atento à forma como o peixe é conservado. É o que dá segurança ao ator Danton Mello, que não abriu mão de sushis e sashimis de salmão como os que degusta no Nakombi, em São Paulo. “Sei como é feita a manipulação dos alimentos nos lugares em que vou. Quando a gente confia, come sem medo”, conta.