Foi para uma reportagem sobre o promissor renascimento do Afeganistão, então livre do Talibã, em 2001, que a repórter sueca Jenny Nordberg mudou-se para Cabul. Estabelecida nos Estados Unidos, ela deixou a capital afegã com uma reportagem diferente do que tinha ido buscar. “As Meninas de Cabul”, livro em que a jornalista amplia a reportagem publicada no jornal “The New York Times”, chega ao Brasil agora pela Companhia das Letras. Nele, Nordberg narra a história de meninas convencidas, obrigadas ou decididas a crescerem como homens, escondendo da sociedade sua verdadeira identidade sexual.

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A prática, chamada “bacha posh” é apresentada no relato com o olhar de quem entrevistou por meses e viu de perto a vida dessas meninas que se disfarçam para se proteger de violência sexual, para poder estudar e receber por seu trabalho ou se livrar da escravização em casamentos forçados. “O Afeganistão é uma versão do patriarcado, em forma bruta. Mas muitos de nós, de todas as nacionalidades, perpetuamos de várias formas essa cultura de honra problemática de muitas formas”, diz a vencedora do prêmio Pulitzer de melhor reportagem nacional em 2005, que além dos depoimentos, se apoiou em centenas de pesquisas de universidades e de associações internacionais de direitos humanos, relacionadas na edição brasileira.

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