28/10/2009 - 10:00
"Acredito que a raça humana não terá futuro se não for para o espaço." A frase do físico Stephen Hawking resume a importância de duas notícias divulgadas na semana passada. Na segunda-feira 19, a Agência Espacial Europeia (ESA) anunciou a descoberta de 32 novos exoplanetas – localizados fora do Sistema Solar – espalhados pela Via Láctea.
Dois dias depois, foi a vez de a Nasa divulgar outro achado importante: os telescópios Hubble e Spitzer detectaram a presença de água, metano e dióxido de carbono, elementos determinantes para a ocorrência de vida, no planeta HD 209458b.
Ele orbita uma estrela similar ao Sol, localizada a apenas 150 anos-luz da Terra, na constelação de Pegasus. Essa é a segunda vez que a Nasa encontra tais compostos químicos em um exoplaneta. O feito da ESA – conquistado pelos astrônomos baseados no Observatório Europeu Meridional, localizado no Chile – fez com que o número de exoplanetas já catalogados passe de 400.
Seis dos 32 novos mundos são relativamente pouco maiores que o nosso. Os restantes são gigantescos, atingindo pelo menos o tamanho de Júpiter, cerca de 300 vezes maior que a Terra. "Já sabemos que 40% das estrelas similares ao Sol têm planetas pequenos em suas órbitas. Prevemos que existam muito mais corpos de dimensões semelhantes às da Terra no universo", disse o astrônomo Stephane Udry, da Universidade de Genebra (Suíça) e um dos líderes da pesquisa, ao anunciar o resultado dos trabalhos.
Já o feito da Nasa é mais uma esperança na busca de vida fora de nosso planeta. No comunicado oficial que divulgou o achado ao mundo, o pesquisador Mark Swain, do Laboratório de Propulsão a Jato da Nasa, afirmou que a possibilidade de tais descobertas se tornarem corriqueiras é grande. "Estamos certos de que temos tecnologia suficiente para explorar o universo em busca de dados vinculados à vida."
Para o astrônomo Gustavo Porto de Mello, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, o ponto mais importante revelado pela pesquisa americana é a constatação da existência abundante das moléculas de água, metano e dióxido de carbono no planeta HD 209458b. "Isso favorece a concepção de que a vida, pelo menos em suas formas mais simples, como as microbianas, pode ser algo corriqueiro no Universo", diz o brasileiro.
Por dentro da s descobertas |
Engana-se quem pensa que os telescópios usados pelos astrônomos que buscam planetas fora do Sistema Solar registram suas descobertas apenas por meio de imagens. No caso da ESA, um espectrógrafo ligado ao telescópio instalado no deserto chileno calculou o tamanho e a massa dos novos corpos a partir de alterações no movimento das estrelas, provocadas pela gravidade dos planetas que as orbitam. Já os americanos contam com os "olhos" infravermelhos do Hubble, capazes de enxergar os elementos químicos descobertos no planeta HD 209458b em nível molecular. Por sua vez, o espectrômetro a laser do telescópio Spitzer conseguiu medir as quantidades de cada composto encontrado. Imagens como a que ilustra esta página são elaboradas por artistas gráficos, sempre usando as informações apuradas pelos astrônomos como referência |