Há décadas o continente mais "forte" do planeta enfrenta sérios problemas devido à epidemia de obesidade que o assola. Apenas nos EUA, segundo dados do próprio governo americano, 58 milhões de pessoas apresentam sobrepeso, 30 milhões estão obesas e três milhões incluem- se na categoria de obesidade mórbida. E, se não bastassem os humanos, agora os animais também fazem parte dessas estatísticas.

Uma pesquisa do Instituto de Ciências Ocêanicas do Canadá, coordenada pelo biólogo marinho Peter Ross e divulgada na semana passada, revela que as populações de orcas e focas do litoral oeste do Canadá e do Estado americano do Alasca estão aumentando de peso em ritmo acelerado. Segundo o estudo, uma mudança na dieta dos mamíferos marinhos, baseada principalmente na espécie de salmão chinook, é a principal culpada. Acostumados a acumular gordura corporal para enfrentar os mares gelados do Ártico, os peixes estão ficando cada vez mais magros por conta do aumento na temperatura da água, causado pelo aquecimento global e pela ocorrência do fenômeno climático El Niño – uma alteração na distribuição da temperatura superficial do Oceano Pacífico registrada em ciclos que duram de 12 a 18 meses. Para suprir a falta de gordura em suas dietas, focas e baleias estão comendo o dobro da quantidade normal de salmões chinook. No caso das orcas, esse peixe corresponde a mais de 90% da dieta diária.

A poluição marinha, no entanto, também exerce papel decisivo nessa questão. De acordo com o estudo canadense, quantidades seis vezes acima do normal do pesticida BFC foram encontradas em algumas das orcas pesquisadas. O produto químico, usado no combate a roedores e pequenos mamíferos, age na tireoide das baleias, levando-as a ingerir mais alimentos do que o necessário.

A glândula endócrina produz os hormônios que regulam o metabolismo dos animais e afeta o funcionamento de diversos sistemas corporais.

Segundo Ross, o menor acúmulo de gordura nos salmões é um problema conhecido (e natural) graças à ocorrência cíclica do fenômeno El Niño, mas os danos causados pelo homem estão cobrando um preço alto demais. A fauna das zonas mais frias do planeta paga a conta. Pelo visto, os ursos polares, alçados a símbolos do impacto do aquecimento global, terão a companhia de focas e orcas nas próximas campanhas de conscientização.