21/10/2009 - 10:00
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VINGANÇA Ele não gostou de ser contrariado e tomou o Hilton de proprietários |
Em seus 11 anos de governo, o presidente venezuelano Hugo Chávez acumula um semnúmero de situações folclóricas e atos administrativos para lá de polêmicos. Já afirmou, na ONU, que o ex-presidente americano George W. Bush tinha cheiro de enxofre, declarou apoio ao isolado regime comunista da Coreia do Norte e estatizou desde empresas petrolíferas até canais de televisão. Todas essas ações podem ser contestadas por diversos pontos de vista, mas o que não se pode é afirmar que elas não tenham uma coerência dentro do universo ideológico e estratégico criado pelo presidente venezuelano.
Na terçafeira 13, Hugo Chávez abandonou esse controverso eixo em que seu governo está assentado. Por razões que estão muito mais próximas de um desentendimento pessoal do que de estratégias nacionalistas, determinou que o Hotel Hilton de Isla Margarita, um dos principais destinos turísticos do país, passasse definitivamente para as cada vez mais inchadas mãos do Estado venezuelano.
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A razão, como o próprio Chávez declarou, foi um desentendimento entre sua equipe e os administradores do hotel quando da organização do encontro de líderes sulamericanos e africanos, ocorrido no Hilton nos dias 26 e 27 de setembro. De acordo com a versão oficial de Caracas, o Hilton de Isla Margarita queria impor condições ao esquema de segurança e à organização do evento. "Tivemos que pedir permissão, os donos queriam impor condições ao governo revolucionário; então eu disse, vamos expropriar, e agora está sendo expropriado", disse Chávez, com o tradicional estilo bravateiro.
O hotel, do qual o governo venezuelano já era acionista majoritário, passará às mãos da estatal Venezuelana de Turismo (Venetur), mas não sairá do sistema Hilton, informou a Blackstone, empresa proprietária da rede mundial de hotéis.
"O que Chávez faz é um atentado às leis com o intuito único de satisfazer seus caprichos pessoais"
Raúl Hernández, analista político venezuelano
A decisão de estatizar um hotel por conta de picuinhas pessoais apenas amplia o fosso entre a Venezuela e os investidores estrangeiros. Além disso, reforça a imagem de ditador que Chávez vem se esforçando para adquirir desde que conseguiu aprovar mudanças na Constituição que lhe permitem ser reeleito "ad aeternum". "O que Chávez faz é um atentado às leis com o intuito único de satisfazer seus caprichos pessoais", disse à ISTOÉ Carlos Raúl Hernández, analista político e professor da Universidade Central da Venezuela. A pergunta que fica é: depois de um hotel em um ilha do Caribe, o que mais Chávez vai querer estatizar em nome da revolução bolivariana?