27/10/2000 - 10:00
Ratinho voltou ao debate nacional. Por duas vezes, na semana que passou, o programa do SBT ocupou as manchetes dos jornais. E não foi, evidentemente, de maneira elogiosa. Na segunda-feira 23, o apresentador submeteu seus espectadores a tortura ao divulgar trechos de um vídeo que estava sob responsabilidade do Ministério da Justiça, encontrado pela Polícia Federal na casa de um bandido acusado de chefiar um bando de sequestradores. Consta que o tal vídeo foi embarcado em envelope lacrado rumo ao Juizado da Infância e da Juventude em Curitiba. O programa conseguiu uma cópia. A fita, que foi ao ar agredindo telespectadores e o Estatuto da Criança e do Adolescente, continha cenas abjetas do sequestrador torturando uma menina de três anos. O polêmico apresentador justificou-se dizendo que quis chamar a atenção de parlamentares para a violência. A audiência do seu programa subiu de 14 para 21 pontos.
Outro revés do apresentador também provocou estragos no candidato à Prefeitura de São Paulo Paulo Salim Maluf. O programa do candidato usou como exemplo da violência, que Maluf promete acabar na cidade, o sequestro seguido por morte de um médico psiquiatra. Foram usadas imagens do Programa do Ratinho exibidas nos dias 17 e 18 de outubro. A repórter Elizabeth Lopes, da Agência Estado, levantou o caso na polícia e descobriu que o médico não foi nem sequestrado nem assassinado. Segundo o boletim de ocorrência e o inquérito policial aos quais ela teve acesso, o médico não foi vítima direta da violência urbana. O psiquiatra cometeu suicídio em um quarto de hotel no bairro da Lapa.