Não é muito comum na história recente da América Latina um presidente renunciar porque a aprovação popular de seu governo despenca. Menos comum ainda é ter mandado de prisão expedido pela Justiça devido a indícios de roubo do erário. As duas raridades aconteceram na semana passada na Guatemala. Ciente de que seria preso sob a acusação de capitanear um esquema de corrupção na cobrança de impostos aduaneiros e com a imunidade cassada (o que lhe retirou a prerrogativa de foro privilegiado), o presidente Otto Pérez Molina primeiro fugiu, depois retornou à Cidade da Guatemala (capital do país), entregou ao Congresso a sua renúncia e apresentou-se à Justiça para ser detido. Juntamente com a ex-vice-presidente Roxana Baldetti, ele é acusado de ter recebido em propinas 2,5 milhões de quetzales (cerca de US$ 330.000) – o que por aqui é fichinha. Assumiu como presidente do país Alejandro Maldonado, ex-juiz da Corte de Constitucionalidade.