04/09/2015 - 19:30
A última semana no Brasil foi parecida com uma daquelas de muitos anos atrás, que já estavam quase apagadas da memória: disparada do dólar, alta dos juros futuros e rumores sobre queda iminente do ministro da Fazenda, que foram negados na quinta-feira, quando o ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante, garantiu que Joaquim Levy continua no cargo.
A faísca para esse movimento foi o envio ao Congresso de uma proposta de orçamento com um déficit de R$ 30,5 bilhões. A leitura dos investidores foi a de que, sem equilíbrio fiscal, o Brasil poderá perder o grau de investimento, duramente conquistado no governo Lula.
Mais importante do que a própria permanência ou não de Levy é a manutenção desse selo de bom pagador, que garante ao País e às empresas nacionais mais créditos e investimentos. Por isso mesmo, antes de embarcar para a reunião do G20, Levy pediu ao governo a unificação do discurso em torno da necessidade de um superávit fiscal em 2016.
Isso significa que caberá ao Congresso Nacional colaborar na busca de saídas para o déficit previsto para o ano que vem. Nesse sentido, uma voz sensata foi a do deputado Ricardo Barros (PP-PR), que afirmou ser melhor aumentar imposto do que perder o grau de investimento. Ou seja: os danos de um eventual rebaixamento seriam maiores do que os de um sacrifício momentâneo para os contribuintes.
Por isso mesmo, não será surpresa se, nas próximas semanas, o Executivo e o Legislativo voltarem a discutir possibilidades no campo fiscal, como a própria volta da CPMF, ainda que revestida de outro nome, ou a elevação de tributos como a Cide, que incide sobre os combustíveis e poderia dar competitividade ao setor sucroalcooleiro. O que está em jogo é bem maior do que os boatos sobre Levy.