30/03/2005 - 10:00
Mãe de jogador de futebol, pelo menos em São Paulo, virou o alvo preferido da indústria do sequestro. De novembro para cá, já foram quatro. E, desta vez, a vítima foi a dona-de-casa Inês Fidélis Régis, 57 anos, mãe de Rogério, ex-lateral-direito do Palmeiras e do Corinthians, que joga atualmente no Sporting de Lisboa. Viúva, Inês foi sequestrada na noite da segunda-feira 21. Ela estava em casa – num bairro de classe média baixa, em Campinas (SP) –, quando foi abordada por dois homens armados com revólveres calibre 38. Um deles usava um moletom com gorro cobrindo o rosto. Os sequestradores pularam o muro e entraram na casa pela janela da cozinha. Moradora do bairro há 39 anos, ela assistia à televisão na companhia da filha, Regislaine, 23 anos, e do futuro genro, Adriel Cristiano. A ação foi rápida. Os bandidos prenderam o casal em um dos quartos e saíram em seguida pela porta da frente levando a mãe do jogador em seu Corsa preto. O veículo foi abandonado 200 metros depois e outro carro foi usado na fuga. “Não tenho detalhes da situação. Vou deixar tudo nas mãos de Deus e espero que isso se resolva logo para acabar com a nossa angústia”, disse, de Lisboa, o jogador Rogério. Até a noite de terça-feira 22, nenhum contato fora feito pelos sequestradores e a família, como é de praxe, pediu para a polícia se afastar do caso.
Esse é o segundo sequestro em Campinas envolvendo mãe de jogador de futebol, em menos de duas semanas. Na sexta-feira 11, também foi sequestrada, no bairro Ponte Preta, Sandra Heleno Clemente, 45 anos, mãe do atacante Luís Fabiano, da Seleção Brasileira e do Porto, clube português. Sandra foi levada quando voltava do supermercado. O sequestro continua em andamento e a polícia trabalha com várias hipóteses, entre elas a de que a quadrilha seja a mesma. “O mesmo grupo pode ter sequestrado tanto Sandra quanto dona Inês. Tudo é possível e nós não descartamos nenhuma linha de investigação”, disse Carlos Daimo, chefe dos investigadores da Delegacia Especial de Sequestro de Campinas. A primeira vítima dessa nova onda foi Marina da Silva Souza, mãe do atacante Robinho, do Santos. Sequestrada no litoral paulista, em novembro de 2004, passou 41 dias em cativeiro. Em janeiro, foi a vez de Ilma de Castro Libânio, 51 anos, mãe do atacante do São Paulo, Edinaldo Batista Libânio, o Grafite. Foi liberada no dia seguinte, depois de uma denúncia anônima que levou a polícia a um cativeiro na região metropolitana de Campinas. Apesar de todos esses casos, a polícia paulista insiste em dizer que “o sequestro não compensa, pois a maior parte dos criminosos está na cadeia”. Pelo andar da carruagem, muitos ainda estão nas ruas.