A bandeira branca hasteada pelo senador Renan Calheiros (PMDB-AL) à presidente Dilma nos últimos dias não significa que o alagoano tenha desmobilizado suas frentes de resistência. Longe dos holofotes, Renan tem mantido frequentes encontros com o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes. Membro do colegiado do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Mendes é um dos togados mais críticos aos problemas encontrados no processo de prestação de contas da companha de Dilma.

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Em causa própria 1
O ministro do ­Turismo, Henrique ­Eduardo Alves, tem ­reclamado do orçamento minguado e da escassa relevância política da pasta que ­recebeu do governo, na cota do PMDB. Sem dinheiro e sem poder, Alves aproveita o status de ministro para se cacifar no Rio Grande do Norte, pois foi derrotado na última disputa pelo governo estadual.

Em causa própria 2
Além de abrir a agenda e o gabinete para dezenas de prefeitos, Henrique Eduardo Alves levou, este mês, uma grande notícia para sua terra. Graças ao ­lobby do ministro, o Aeroporto Governador Aluizio Alves sediará o novo dos quatro centros de distribuição de ­encomendas dos Correios.

Busca-se holofote
A CPI da Petrobras deverá retornar a Curitiba em setembro. Há uma forte movimentação para chamar José Dirceu para depor. Os parlamentares querem que a comissão volte aos holofotes. Teme-se o esvaziamento a partir da instalação de novas CPIs.

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Tomara que caia
Os servidores da Câmara dos Deputados estão estressados com o ritmo de trabalho imposto pelo presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). O peemedebista chega cedo, sai tarde, ocupa as segundas e quintas-feiras, dias que até o ano passado não constavam na agenda de trabalho.

O Caça-fantasmas
Eduardo Cunha também obrigou os servidores a bater ponto três vezes por dia, para caçar os fantasmas. Toda agitação, no entanto, não reduziu as despesas da Casa com horas extras dos barnabés, só este ano foram pagos R$ 56,6 milhões a mais nos contracheques.

A paternidade do boneco
O boneco inflável de Lula vestido de presidiário ganhou as redes sociais após os protestos do último domingo. A ideia da brincadeira foi atribuída ao deputado federal Alberto Fraga (DEM-DF). Inimigo do ex-governador Agnelo Queiroz, Fraga sempre declarou que seu sonho era fazer um boneco inflável gigante do petista em trajes de presidiário para soltar na Esplanada.

Foco na meta
Agnelo deixou de ocupar o Palácio do Buriti, sede do governo local, sem que o democrata cumprisse a promessa. “Ele não estabeleceu a ideia de homenagear Agnelo como meta, mas dobrou a meta ao fazer o boneco de Lula”, diverte-se um aliado de Fraga, parafraseando a presidente Dilma Rousseff.

A fila anda
O presidente do PSDB, senador Aécio Neves (MG), comemorou o ingresso do governador do Mato Grosso, Pedro Taques, ao ninho tucano. O ex-pedetista é senador licenciado. Ou seja, a bancada tucana ganhou mais um representante. Além de comandar a oposição contra o governo Dilma Rousseff, Aécio orientou os diretórios do PSDB a arregimentar parlamentares de legendas da base de governo que estejam insatisfeitos. Atualmente, o PSDB tem 53 dos 513 deputados e 11 dos 81 senadores. O projeto de chegar a Presidência em 2018 passa, também, pela formação de uma sólida base parlamentar.

Mais uma bomba
É tenso o clima na equipe do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) que elabora as estatísticas de finanças públicas e contas intermediárias de governo que serão divulgadas no dia 17 de setembro. O estudo analisará justamente o período da administração do último ano do governo Lula e os três primeiros anos da gestão da presidente Dilma. A prévia indica curvas acentuadas no gráfico que mede resultados institucionais na atual administração.

Toma lá dá cá

Paulo Skaf, presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp)

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ISTOÉ – Medidas do ajuste fiscal podem trazer mais desemprego?
Paulo Skaf –
Há previsão do fechamento de um milhão de vagas até o fim do ano. Acrescentar tributo no faturamento das empresas é um convite para aumentar o desemprego.

ISTOÉ – Existe um meio termo entre os cortes de gastos do governo e manutenção de benefícios fiscais às empresas?
Skaf –
Necessitamos fechar o ajuste fiscal. Não estamos falando em reduzir impostos, mas em aceitar aumento de 50% e não de 150%. 

ISTOÉ – Se reduzir o impacto da desoneração as empresas manterão os postos de trabalho?
Skaf –
Não estamos falando em garantias. O aumento de encargos piora a situação. Não tendo imposto não significa que está solucinado o problema da economia brasileira, mas será positivo para oxigenar um pouco.

Rápidas

* Recém inaugurada, a CPI do BNDES na Câmara já virou um front para parlamentares de diferentes tendências. Os deputados usam a estrutura da comissão para apurar corrupção na Fifa, denúncias contra a agência Pepper (que cuida das redes sociais do PT), operação Lava Jato e “pedaladas fiscais”.

* A briga nas reuniões é tanta que na última semana um dos membros afirmou que a única maneira de votar agenda de trabalhos é “dar uma faca pra cada um, fechar em uma sala e ver quem sobrevive.”

* Sobre o BNDES, os parlamentares estão temerosos em falar. Os governadores de seus estados estão falidos e muitos são socorridos por linhas de financiamento do banco.

Retrato falado

A bancada do PT no Congresso passou a semana em um esforço de defesa da honra do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva que poucas vezes empenhou à presidente Dilma Rousseff. Considerado um petista moderado, o senador Jorge Viana (PT-AC) comparou Lula ao ex-presidente Juscelino Kubitschek que, segundo ele, foi alvo de injustiças em vida, mas após a morte voltou a ser reverenciado como um grande líder.

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Pede para sair
O presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), Aroldo Cedraz, tem feito um périplo na cúpula de grandes grupos de comunicação. Desde o início do ano, pelo menos um encontro mensal é marcado. Cedraz está sendo pressionado pelos auditores do tribunal a se afastar do cargo enquanto a Lava Jato investiga pagamento de propina a seu filho, Tiago Cedraz, para favorecer a UTC em licitação da Usina de Angra 3.

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Aplicativo anticorrupção
Inspirado pelo sucesso do aplicativo de denúncias de corrupção por celular criado pelo governo da China, o deputado Daniel Vilela (PMDB-GO) apresentou projeto de lei para testar no Brasil sistema semelhante. O app seria gratuito e uma central – gerida pelo Ministério da Justiça – receberia textos, fotos e áudios que comprovassem corrupção no setor público. Na China, o cidadão pode escolher entre 11 categorias de crimes para denunciar irregularidades cometidas por agentes públicos.

Fotos: Adriano Machado; Pedro França/Ag. Senado; Pedro Dias/AG. ISTOÉ; Marcelo Camargo/Ag. Brasil; Charge: Leonardo Bussadori