O brasileiro adora cantar. E já faz tempo que ele trocou a gritaria debaixo do chuveiro pelo showzinho particular nas sessões públicas ou privadas de karaokê. Até os mais tímidos acabam arriscando, mesmo que escondido. Foi o que constatou a Gradiente Entertainment nas pesquisas de mercado feitas para o lançamento do DVDokê. “No Brasil, a música está no sangue. O País pode ser o segundo maior consumidor para esse tipo de diversão, depois do Japão”, aposta Décio Decaro, diretor-geral da empresa. O produto – como o nome sugere – une as funções de um DVD com as de um videokê. O cantor de fim de semana pode assistir a filmes e shows de seus ídolos e ainda fazer as próprias exibições com coro, sem coro, sozinho ou acompanhando a voz do cantor original. O DVDokê vem com clipes nacionais e internacionais feitos por músicos brasileiros. Além de se livrar do som sintetizado das máquinas de videokê, ninguém mais vai ter que ficar olhando para o Monte Fuji ou para um rio de águas paradas enquanto canta Aquarela do Brasil, de Ari Barroso.

Ainda este mês, cinco mil unidades do produto deverão chegar às lojas do Rio e de São Paulo. A empresa investiu cerca de R$ 5 milhões e estima vender para todo o Brasil no próximo ano 120 mil unidades ao preço médio de R$ 1 mil. O produto tem a alta qualidade dos DVDs tradicionais: são 720 linhas de resolução para definição de imagem e seis canais de som. Apresentado em cores vivas e design moderno, o aparelho traz o CD Grandes hits, com 20 sucessos variados, de axé a pop rock. Mas, a partir de janeiro, os aficionados poderão colecionar CDs que serão vendidos separadamente por R$ 50. Cada um trará 20 músicas selecionadas por gênero. Pode-se escolher entre axé, samba, pagode, MPB e pop rock, além de sucessos internacionais.

A produtora DVM – Dino Vicente Música, por exemplo, foi responsável pela elaboração e gravação em estúdio da seleção de MPB, pop rock e música italiana. Em 45 dias, gravaram 180 músicas. “Foi uma maratona de madrugadas regadas a massas, comida japonesa, muito suco e energizante”, conta o vegetariano Dino, 45 anos. Músico, compositor, arranjador e produtor há 25 anos, Dino já dividiu o palco com Rita Lee, César Camargo Mariano e Arrigo Barnabé, além de já ter assinado trabalhos alternativos em mostras e instalações. Dessa vez, Dino bateu um recorde. “Embora não fosse uma exigência, houve uma trabalhosa seleção de músicos e vozes para que o resultado não prejudicasse a identificação do público”, diz Dino. A superprodução parece que vai agradar até aos mais resistentes à onda de soltar a voz.