20/12/2000 - 10:00
Desde pequeno, o paulista Juarez Fagundes conviveu com a decoração natalina. A mãe, Suzana, adorava enfeitar a casa por dentro e por fora com luzes, bolas, presépios. A paixão ficou no menino. Hoje, cenógrafo e artista plástico, Juarez, 40 anos, é requisitado por grandes empresas para assinar as decorações de dezembro. A cada ano, ele se supera em imaginação e criatividade. “O Natal me emociona e tento passar o sentido dessa festa no meu trabalho, que são o amor, a união e a harmonia. As pessoas se encantam”, afirma ele.
O primeiro grande trabalho de Juarez foi para a inauguração do Shopping Paulista, em 1989. Ele enfeitou 40 metros quadrados com Papais Noéis que se abrigavam da chuva. Foi um sucesso. De 1991 até 1997, brincou com as paredes do Banco Bamerindus, hoje HSBC. Há cinco anos, a empresa Kitchens, especializada em cozinhas, o contratou para fazer a decoração de suas 13 lojas espalhadas pelo País. Elas acabaram virando ponto turístico, com Papais Noéis que se mexem, falam e cantam para crianças e duendes confeccionadas de pano e plástico. Juarez começou a empreitada com as vitrines ousadas das lojas TKTS (de moda jovem), que traziam Papais Noéis de bumbum de fora e fazendo xixi. A trabalheira, distribuída pela família – a mãe cuida dos adereços, a irmã Cecília, dos figurinos, uma prima, da iluminação –, começa em maio com a apresentação de projetos. Depois vêm a comercialização – ele jamais fala em números – e a execução. Tudo é fabricado no Brasil. Apenas as placas do computador que fazem a animação dos bonecos são importadas dos Estados Unidos. Só em São Paulo, a cenografia de Juarez brilha por toda parte. No Banco Real, a casa do Papai Noel já recebeu 30 mil convidados. Na rede de supermercados Pão de Açúcar, ele diverte-se dando cambalhotas. No Shopping Iguatemi, vários velhinhos de barbas brancas trabalham de sol a sol na confecção da festa. Um enfeita a árvore onde fabrica brinquedos. Outro recebe cartas e e-mails e várias Mamães Noéis ajudam os maridões. Outro detalhe que chama a atenção é o fato de seus bonecos, além de se mexerem, abrirem e fecharem os olhos. O Papai Noel de oito metros de altura em frente ao Iguatemi faz a rua parar por causa de suas piscadelas. “Não existe nada mais humano e amoroso do que alguém piscar para você”, diz Juarez.
Trabalho e oração | ||
Se Juarez Fagundes investe na imagem de Papai Noel, a artesã Salete Salem, 49 anos, preocupa-se com o catolicismo em sua arte. O menino Jesus, por exemplo, é sua obra preferida e faz sucesso entre os consumidores. A rede de lojas de roupas femininas Mixed, de propriedade de Ricy Trussardi, enfeita as vitrines com seus trabalhos. Feitos com parafina e medindo 50 cm, as esculturas custam R$ 400, e Salete quase não dá conta dos pedidos. “Passo um dia inteiro fazendo apenas um desses meninos”, conta ela. “E rezo enquanto trabalho. A minha espiritualidade é forte e passo-a para cada um deles”, diz Salete. Católica fervorosa, há nove anos ela faz parte do grupo de orações liderado pela empresária Maricy Trussardi. |