20/12/2000 - 10:00
Adilson Cavagnolli é dono de uma pequena propriedade, com três vacas leiteiras, algumas galinhas e suínos, em Bom Jesus do Sul, cidade de 4,2 mil habitantes situada entre Paraná, Santa Catarina e Argentina. Junto com outras 27 famílias de pequenos agricultores e pecuaristas, ele foi beneficiado pelo governo paranaense através do programa Fábrica do Agricultor, da Secretaria de Agricultura do Estado. O governo injetou, a fundo perdido, cerca de R$ 100 mil para instalar uma fábrica de queijo e outra de embutidos, na cidade. Era um teste para a idéia. Deu certo. Se antes Adilson vivia com o faturamento bruto de R$ 300 do leite vendido para laticínios da região, quase sempre inadimplentes, hoje ele trabalha beneficiando o produto na Farbom, da qual é cooperativado. É ele quem põe a mão na massa e ganha R$ 400 mensais, além da sua parte na divisão dos lucros. “A Fábrica do Agricultor acabou com o atravessador”, diz.
Hoje o Paraná possui 410 agroindústrias de cooperativas como as de Bom Jesus do Sul, nos setores de laticínio, embutidos, plantas medicinais, entre outros. “Queremos diminuir a pobreza rural e evitar que o agricultor saia da terra”, diz o secretário de Agricultura e idealizador do projeto, Antônio Poloni. A meta é instalar mil novas agroindústrias até o final de 2001, criando cerca de 20 mil empregos. O objetivo é apoiar o agricultor através do acesso ao crédito, à tecnologia e ao mercado.
A primeira guerra do secretário foi contra a montanha de documentos exigidos do pequeno industrial para iniciar a produção. Segundo ele, quem quisesse pedir um empréstimo para instalar qualquer negócio precisava passar por 17 órgãos diferentes. Na maioria das vezes, ele desistia no meio do caminho. “A burocracia dificultava a vida do agricultor, que produzia precariamente, sem regularização sanitária e, por isso, não conseguia levar o produto às prateleiras”, diz Poloni. Hoje, o caminho é bem mais curto. “Ele entrega os documentos ao governo e nós andamos por ele atrás da certificação sanitária e ambiental. Tudo leva dez dias”, diz o secretário.
Na prática, a formação das cooperativas é feita sob as asas do governo. É ele quem escolhe quais serão os agricultores beneficiados, empresta o dinheiro, disponibiliza técnicos e oferece cursos sobre a produção. Aliás, a formação nos cursos de gestão, qualidade e tecnologia é obrigatória para a obtenção do recurso. “Queremos mudar a mentalidade do agricultor, assistindo-o nas primeiras etapas. Depois, eles criam sua independência e o governo sai de cena”, explica Poloni.