"Este prêmio é destinado ao pequeno grupo de pessoas que se destacou no ano de 2000, representando o desejo de 170 milhões de brasileiros de tornar o Brasil mais forte, próspero e justo". Esta foi a afirmação de Domingo Alzugaray, editor e diretor responsável pela Editora Três, na abertura da homenagem aos Brasileiros do Ano, realizada nesta segunda-feira na casa de espetáculos DirecTV Music Hall, em São Paulo. A forte sensação de desenvolvimento e de progresso do Brasil foi o ponto alto da premiação. A perspectiva otimista de continuidade deste processo de evolução para o ano de 2001 também foi marcante. E as projeções positivas vieram de todos os lados. Nesta eleição, foram escolhidas pessoas que ofereceram ao País novas possibilidades nas mais diversas áreas. Cada publicação semanal da Editora apontou cinco brasileiros que se destacaram em 2000.

ISTOÉ elegeu como Brasileiro do Ano o ministro da Educação, Paulo Renato Souza e destacou o senador Pedro Simon na política, Viviane Senna na área social, Edemar Cid Ferreira na cultura e José Fernando Perez e Fernando Reinach na ciência. Para a revista Dinheiro o Empreendedor do Ano foi o empresário Eugênio Staub, dono da Gradiente. Junto com ele estão Abílio Diniz, do Pão de Açúcar, Roberto Setubal, do Itaú, Jorge Gerdau, da Gerdau e Fernando Xavier, da Telefonica. A prefeita eleita de São Paulo, Marta Suplicy, foi a Personalidade do Ano de ISTOÉ Gente ao lado de Milton Nascimento, Jô Soares, Raul Cortez e Luciano Huck. As três revistas serão vendidas juntas em um pacote que custará apenas R$ 9,90.

Plenário informal

A festa permitiu o encontro de pessoas das mais variadas áreas. Artistas, jornalistas, publicitários, empresários, banqueiros e políticos. Esta última ala teve uma grande presença de integrantes do PMDB e do PT. Em uma mesa confabulavam os senadores José Sarney, Gilberto Miranda, Renan Calheiros, além do premiado Pedro Simon, e o presidente da Câmara dos Deputados, Michel Temer. No meio do salão, os deputados petistas José Genoíno e Aloísio Mercadante trocavam idéias com o apresentador Jô Soares e o jornalista Nirlando Beirão. Ao lado destes, Marta Suplicy reinava em seu esplendoroso vestido vermelho.

Nessas rodas políticas, a campanha presidencial de 2002 dava o tom da conversa. José Sarney avalia que o presidente impreterivelmente deve ser um estadista, visando sempre o coletivo. "É uma mistura de competência, destinos, qualidade e às vezes até defeitos. Quando o presidente não tem o perfil adequado, a própria história expulsa-o seja por meio do suicídio, renúncia ou impeachment. De alguma maneira, quando não se está à altura do momento histórico fica de fora. Parafraseando Guimarães Rosa, que dizia que viver é perigoso: ser presidente é muito perigoso", alerta o ex-presidente da República.

Ovacionada ao ser anunciada, Marta Suplicy disse que ficou surpresa ao receber a notícia de que receberia o título de Personalidade do Ano. "Ser premiada pela revista ISTOÉ Gente foi emocionante. É um estímulo ao meu trabalho. É claro que ninguém trabalha para um prêmio, mas recebê-lo é sinal que estamos sendo reconhecidos. O desafio será receber este mesmo prêmio no final do mandato". Ao ser questionada sobre o primeiro passo frente à administração do município, ela respondeu que entre tantos, um deles refere-se à limpeza que a cidade de São Paulo necessita tanto "prática como abstrata": "Vai acontecer um ato simbólico no segundo sábado depois da posse com a limpeza do Estádio do Pacaembu. Farei uma convocação pública e espero cada paulistano. Eu estarei lá de vassoura na mão", avisa a elegante prefeita. Quanto à marola de possíveis divergências entre ela e seu secretário de finanças, João Sayad, a prefeita eleita encerra o assunto: "Ele tem a minha total confiança".

Sucesso, capital humano e investimento

O ator Raul Cortez diz que realizou um sonho ao concretizar seu projeto de trazer ao público a magia de clássico de Shakespeare. O sucesso da peça Rei Lear foi arrebatador entre público e crítica. Foram três anos para a montagem ficar pronta e em janeiro de 2001 a peça volta à cidade de São Paulo, citada pelo ator como capital cultural. "São duas horas e meia de peça as pessoas realmente ficam presas e atentas ao espetáculo. É um prazer popularizar um clássico", resume o ator. Quanto à cultura no País, Cortez destaca a cidade de São Paulo: "Tem um movimento interessante na capital paulistana, há vários grupos jovens dentro do teatro. Eles estão articulando até mesmo no âmbito político para que tenham acesso às leis como a Rouanet, que geralmente favorece aos grupos e profissionais mais conhecidos. Espero que a cultura realmente aconteça com mais força neste País"

O Empreendedor do Ano, Eugênio Staub, dono da Gradiente, transformou US$ 10 milhões em US$ 415 milhões quando vendeu sua participação de 49% na fábrica de telefones celulares para a finlandesa Nokia. Sua aposta tem sido nos novos produtos e nos serviços em tecnologia. Ele diz que apesar dos percalços que o País atravessou nos últimos anos, a Gradiente tem tido um crescimento desde 1991 de 37,1% ao ano e atribui o sucesso ao planejamento estratégico correto de sua empresa e principalmente à sua equipe de trabalho. "O grande investimento da Gradiente é no capital humano".

Escolhas como estas são sempre difíceis. Muitos nomes vêm à mente, a discussão é sempre longa porém saudável, pois cada vez mais percebe-se o número de indivíduos trabalhando pelo bem comum. Como disse Marcelo Lacerda, diretor do megaportal Terra, o evento foi "sensacional, pois priorizou a qualidade". "Todos os homenageados tiveram espaço para falar e o estímulo foi a característica geral, fator bastante positivo e é assim que faz o desenvolvimento do País.