Bem-humorado, o brasileiro já elegeu a atração do 24º Salão Internacional do Automóvel, que termina neste domingo, em São Paulo. É a Chana Motors, primeira montadora chinesa a enviar veículos para o País. Não faltaram piadinhas – todas de gosto duvidoso – com o nome da companhia. Mas o empresário português Abdul Majid Ibraimo, responsável pela chegada da Chana ao Brasil, não está para brincadeira.

O importador já encomendou dois mil carros para desbravar o mercado brasileiro
a partir de janeiro de 2007. Os primeiros cinco modelos, utilitários de acabamento simples e preço competitivo, serão direcionados aos micro e pequenos empresários. Vendedores de cachorro-quente, perueiros escolares, lavanderias
e empresas de água mineral e distribuição de gás, por exemplo, são seu público-alvo para os furgões, minivans e picapes. Todos têm motor de 970 cilindradas, instalado sob o banco do motorista. Os preços vão variar de R$ 27,9 mil a R$ 33,9 mil. “Vamos ocupar o vácuo deixado pela Towner, que em três anos vendeu
45 mil veículos no Brasil”, diz Ibraimo, que também representa a marca
coreana Ssangyoung.

Onde quer que entrem, os produtos chineses causam rebuliço nos mercados, especialmente devido ao preço baixo, que só a China consegue praticar graças à mão-de-obra mais barata e abundante e aos ganhos de escala – são mais de 1,3 bilhão de habitantes. Todos preferem as bicicletas, mas os novos ricos já estão aderindo às quatro rodas. Nos últimos cinco anos, a produção do país asiático mais que triplicou, alcançando 6,4 milhões de veículos este ano, mais que o dobro do Brasil. Com três fábricas, a Chana é a maior montadora independente da China e fabricou 720 mil veículos em 2005, entre carros, utilitários, caminhões e ônibus. Aqui, como os campeões de vendas são os modelos populares e 70% das compras são financiadas, a novata tem tudo para incomodar os fabricantes locais, especialmente a Volkswagen, a Fiat e a General Motors.

Ray Young, presidente da GM, diz não ter medo da concorrência. “O consumidor brasileiro quer mais qualidade”, justifica. O importador da Chana perde o humor quando a qualidade dos veículos chineses é questionada. “Falar em qualidade é terrorismo. A Chana tem acordos estratégicos com a Suzuki e a Ford, que asseguram a tecnologia, e certificados de qualidade europeus”, afirma. Com a palavra, o consumidor.

720 mil foi a produção de automóveis, caminhões e ônibus pela Chana em 2005