Os jovens que vão deixar São Paulo para estudar em alguma cidade do interior do Estado devem tomar a vacina contra a febre amarela. Também é aconselhável às pessoas que pretendem conhecer algum ponto paradisíaco no sul da Bahia vacinar-se para afugentar o risco de contrair as hepatites A e B. Quem avisa é o infectologista Marcos Boulus, responsável pelo Ambulatório dos Viajantes do Hospital das Clínicas de São Paulo, unidade que entra em funcionamento na sexta 19. Criado em parceria com a Superintendência de Controle de Endemias, órgão estadual, o serviço vai orientar, diagnosticar e tratar cidadãos de todas as idades que planejam viajar pelo Brasil ou para o Exterior. A medida é oportuna, principalmente porque problemas como a dengue e a febre amarela voltam a assustar o País.

Estima-se que 1,4 milhão de pessoas cruzem diariamente as fronteiras brasileiras, aumentando a exposição a doenças e o número de infectados. “Indicaremos e aplicaremos vacinas, além de orientarmos sobre as reações possíveis”, completa o infectologista. A vacinação é fundamental para o controle e a prevenção de doenças infecto-contagiosas (leia o quadro com as principais indicações). Em 2000, a rede de saúde do Estado de São Paulo aplicou cerca de 23 milhões de vacinas gratuitas em crianças, adultos e idosos. Neste ano, pretende imunizar adolescentes contra a hepatite B, vacina até então restrita a crianças.

Fora da esfera pública também existem novidades. Para estimular a adesão de jovens e adultos à prevenção, as clínicas particulares usarão vacinas com substâncias combinadas, para evitar, numa picada só, mais de um problema. “A tendência é unir diversas vacinas na mesma injeção”, explica o infectologista pediátrico Eitan Berezin, do Hospital Israelita Albert Einstein. A diminuição do número de injeções é uma excelente notícia para bebês e crianças. Um bom exemplo dessa tendência é a associação entre a DTP acelular e a vacina contra o vírus Haemophilus. Ela une, na mesma injeção, a proteção contra a difteria, o tétano, a coqueluche e o Haemophilus influenzae do tipo B, causador de grande número de casos de meningite. “Ela diminui de seis para três o número de injeções já no primeiro ano de vida”, afirma o infectologista José Geraldo Ribeiro, da Faculdade de Ciências Médicas de Minas Gerais. Desde dezembro, os pais podem contar com a Poliacel, que imuniza a garotada contra cinco doenças (difteria, tétano, coqueluche, poliomielite e infecções causadas pelo haemophilus influenzae tipo B).

Muitas das novas vacinas foram fabricadas por engenharia genética. As fórmulas são desenvolvidas a partir de pedaços de vírus inativados (a maioria das doses aplicadas na rede pública ainda é produzida com células vivas). Por isso, as novidades, chamadas acelulares, têm a vantagem de proporcionar reações menos intensas após a aplicação. Até o final deste semestre, mais duas estrelas da nova safra estarão disponíveis. A Prevenar imuniza crianças menores de dois anos contra os tipos mais agressivos de pneumococos, causadores de pneumonia, otite e até meningite. Já a Meningitec C cria defesas contra o meningococo C, doença infecciosa de grande mortalidade entre as crianças. A esperança dos especialistas é diminuir ainda mais o total de picadas anuais. Dentro de pouco tempo deve ser lançada a primeira vacina inalatória contra gripe. Muitos marmanjos vão suspirar aliviados.