Cartazes espalhados por todos os cantos, faixas gigantes disputando e poluindo cada metro quadrado dos corredores do Congresso. Esta é a parte mais visível das eleições para a presidência da Câmara dos Deputados, marcadas para 14 de fevereiro. O problema é que ninguém sabe exatamente quanto custa e quem está financiando a campanha. Os líderes dos partidos afirmam que o dinheiro sai do Fundo Partidário. Mas basta uma breve pesquisa na prestação de contas das legendas no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para perceber que a fiscalização corre frouxa. Não há sequer exigência de nota fiscal. E para chegar ao terceiro cargo da linha de sucessão presidencial, Inocêncio Oliveira (PFL-PE), Aécio Neves (PSDB-MG), Severino Cavalcanti (PPB-PE), Valdemar Costa Neto (PL-SP) e Nelson Marquezeli (PTB-SP), não economizam. Os principais concorrentes chegam a fretar jatinhos para fazer corpo a corpo com os colegas que estão de férias em seus Estados. Todos estão de olho na sucessão de FHC em 2002.

Segundo o PSDB, Aécio gastou, até agora, cerca de R$ 35 mil em material gráfico e R$ 40 mil em viagens. Em dois dias, na semana passada, o tucano percorreu 5.470 quilômetros: de Brasília foi para Aracaju, João Pessoa, Macapá e voltou para a capital. Pesquisa feita por ISTOÉ com a empresa aérea mais barata do mercado local mostra que voando num lear-jet 25, o menor dos jatos, Aécio gastaria R$ 30 mil só nesse trajeto. Segundo um dirigente tucano, o partido vai desembolsar R$ 500 mil na campanha de Aécio. O candidato do PFL afirmou que sua campanha está orçada em R$ 120 mil, quantia que ele considerou baixa: “Para ser chefe de um poder é de graça, é coisa pequeníssima”, diz. O sonho do pefelista – que também vem fazendo um périplo pelos Estados – é conquistar o indeciso PT e atrair dissidentes do PMDB, que fecharam um acordo com o tucano.

Além de dinheiro, os candidatos também esbanjam promessas. Aécio fala em vender imóveis funcionais da Câmara e em restringir a imunidade parlamentar. Inocêncio quer agora que o Legislativo sofra menos influência do Executivo. “Sempre defendi o governo. Agora vou ser o presidente mais independente que a Câmara já teve”, promete. Mas a situação do pefelista não é nada fácil. No passado, abriu mão duas vezes de se candidatar à presidência da Câmara, em favor de outros candidatos. Agora que parecia ter chegado a sua vez, o senador Antônio Carlos Magalhães (PFL-BA) atropelou seu correligionário na Câmara. Com a idéia fixa de impedir a eleição de Jader Barbalho (PMDB-PA) à presidência do Senado, ACM promoveu uma aliança entre o PSDB e o PMDB que poderá deixar o PFL de fora do comando das duas casas legislativas.