A americana Katy McKay, 54 anos, sabe que uma imagem vale mais que mil palavras. Há dois anos, ela começou a usar uma câmera fotográfica digital para registrar cenas de um evento beneficente que ajuda a organizar em São Paulo, onde mora. Foi um pulo até Katy interessar-se por impressoras. A ex-advogada transformou seu hobby num rentável negócio. Hoje, ela produz sob encomenda cartões de visita com fotos, convites de casamento, de aniversário e certificados diversos. Seu faturamento mensal já ultrapassou a marca dos R$ 10 mil. Muitas vezes, suas cinco impressoras coloridas com tecnologia jato de tinta cumprem expediente superior a 12 horas diárias para dar conta dos pedidos dos cerca de 300 clientes de Katy. “Uma gráfica normal não faria trabalhos tão personalizados e muito menos em tão poucas quantidades”, diz a americana, que tem cinco filhos e oito netos.

O desejo do ser humano de imprimir o que vê no monitor do computador para depois ler a informação no papel, onde e quando quiser, não é simples luxo, nem frescura. Estudo feito no ano passado, pela Universidade de Ohio, com 131 estudantes americanos mostra que a absorção da informação é bem maior quando ela vem impressa. “É uma questão cultural. O conhecimento humano ainda se dá pelo papel”, explica Jorge Braga Neto, diretor de marketing e vendas da fabricante de impressoras Lexmark. “A internet é uma grande geradora de informações, que, no final das contas, acabam no papel”, completa.

Mais papel – “As pesquisas mostram que dobrou o número de impressões por funcionários nas empresas americanas depois do surgimento da internet”, concorda Rodolfo Krautheim, diretor da Xerox. No Brasil, os fabricantes comemoram o aumento nas vendas de impressoras coloridas com tecnologia de jato de tinta. Até o final deste ano, os brasileiros deverão comprar cerca de dois milhões de equipamentos, segundo a previsão de Wang Chi Hsin, diretor-geral da Epson do Brasil.

Câmeras digitais, scanners, programas de tratamento de imagem, e-mails com fotos, sites apinhados de gráficos – todos esses avanços exigem uma qualidade de impressão que a indústria aprimora a cada dia, a preços atraentes. Uma impressora da Lexmark, que hoje custa R$ 200, por exemplo, não saía por menos de R$ 900 há dois anos. “Os equipamentos estão sofrendo uma erosão de preço muito agressiva. Os consumidores foram contaminados pela idéia disseminada pela indústria do PC de sempre ter mais por menos”, diz Braga Neto.

Para formar a imagem, a cabeça de impressão lança sobre o papel gotas microscópicas de até três picolitros (um picolitro equivale a um bilionésimo de litro). A quantidade de gotas – a tal da resolução, expressa em pontos por polegada (dpi, pela sigla em inglês) – é uma das melhores formas de se mensurar a qualidade gráfica. Hoje é possível reproduzir no quarto ou no escritório de casa o que antes só se conseguia obter num laboratório de revelação profissional. Apesar dos avanços tecnológicos, é bom não esperar milagres.

Primeira lição: a imagem precisa ter boa resolução. Não adianta uma impressora ser capaz de formar imagens com 2.400 pontos por polegada (dpi) se a figura a ser impressa tem menos de 30 dpi. O papel faz a diferença. Dificilmente alguém conseguirá imitar a qualidade fotográfica usando uma folha de papel sulfite. Uma impressora com resolução de 600 dpi que utilize papel especial pode executar melhor trabalho do que um modelo com o dobro de resolução, mas que use papel comum. O papel para impressão de fotos é mais encorpado, absorve melhor a tinta e não fica enrugado. Claro que também é mais caro: cada folha custa cerca de R$ 1,5. “A vantagem da fotografia digital é que, ao contrário da revelação de um filme, você só vai imprimir as fotos que quiser”, diz Edson Shiwa, diretor de consumo da Hewlett-Packard.

Além da resolução máxima do equipamento, o consumidor deve levar em conta outras características na hora de comprar uma impressora colorida. A velocidade de impressão, expressa em páginas por minuto (ppm), é a principal delas. E como economizar tempo significa dinheiro no bolso, as impressoras velozes custam mais. Por isso, é importante avaliar se a rapidez na impressão é realmente fundamental – e se justifica o investimento. Quem for paciente e quiser imprimir apenas uma ou outra notícia publicada na internet pode optar por uma máquina que demore cerca de 20 segundos para terminar o trabalho. Quem tem pressa paga mais.

Despesa – Convém ainda prestar atenção no preço dos cartuchos de tinta, que devem ser trocados periodicamente. “O brasileiro usa em média um cartucho a cada seis meses ou um ano”, diz Krautheim, da Xerox. Há dois tipos de cartucho: os que são apenas reservatório de tinta e aqueles que vêm com a cabeça de impressão, a peça que esquenta as cores antes de jogá-las no papel. Em poucas trocas, o consumidor já gasta o equivalente a uma impressora nova (leia quadro acima). “A venda de suprimentos representa 55% de nosso faturamento na área de impressoras”, diz Krautheim, da Xerox.

A advogada Zilda de Castro Costa conhece bem o problema. Sua neta Camila, sete anos, adora brincar de desenhar e colorir. Em vez da canetinha, do lápis de cor e do giz de cera, a garota usa o computador. O problema ocorre quando ela quer ver o resultado do trabalho nas próprias mãos. Para isso, usa sem dó nem pena as duas impressoras jato de tinta da avó, que se viu obrigada a montar um estoque de papel e cartuchos para apoiar os dotes artísticos da neta. Camila também imprime tabuleiros de jogos como batalha naval e imagens capturadas da internet para incluir nos trabalhos escolares. Zilda gasta cerca de R$ 200 por mês (ou uma impressora nova) só com cartuchos de tinta, que vez ou outra gravam no papel as petições e os recursos jurídicos que redige em seu PC.

Os fabricantes não temem as previsões sobre a extinção dos PCs, que devem ser substituídos por equipamentos mais portáteis e de simples acesso à internet. Os italianos já têm um gostinho de como será o futuro. Uma parceria da HP com a Nokia permite a conexão sem fio do celular com a impressora. Quem visitar o Museu do Vaticano, em Roma, poderá colocar a nova tecnologia em prática. Caso uma obra desperte o seu interesse, basta apontar o celular Nokia da Telecom Italia e pronto. Um endereço de internet ficará gravado na memória do telefone. Quando ele for apontado para uma impressora sem fio, ela se conectará à internet e imprimirá uma cópia da obra desejada. Tudo automaticamente.