15/05/2015 - 20:00
Lenda que atravessou gerações, B.B. King ensinou dos Rolling Stones ao U2 e influenciou todos os grandes guitarristas da metade do século passado até hoje. Riley Ben King morreu na madrugada da sexta-feira 15, em Las Vegas, aos 89 anos, em decorrência de complicações de um quadro de diabetes que o obrigou a tocar sentado em seus últimos shows. Durante a manhã seguinte da sua morte, anunciada pela filha Patty King, as redes sociais reuniram os maiores naipes do rock internacional em homenagens ao Rei do Blues. Eric Clapton, emocionado, despediu-se do amigo e parceiro pelo Facebook, chamando-o de “farol de todos nós”. O vídeo de despedida, ainda na manhã de sexta-feira, contabilizava 1 milhão de visualizações. O cantor Bryan Adams tuitou que King foi o maior guitarrista de blues de todos os tempos. Para o cantor, ele podia fazer em um acorde mais que qualquer um, o que Lenny Kravitz endossou, também pelo Twitter: “B.B., qualquer um podia tocar mil notas e nunca dizer o que você dizia com uma.
MUSA
B.B. King e sua guitarra Lucille. De suas cordas, ele queria
tirar notas que valessem por mil. Para alguns dos maiores
guitarristas do mundo, ele conseguiu
B.B. King nasceu no estado americano do Mississipi, onde ainda na infância ouviu os primeiros acordes do gênero que o consagrou enquanto trabalhava na lavoura de algodão. Autodidata, negro e sulista, encontrou nas igrejas abrigo para desenvolver o talento inato. Mas precisou enfrentar o racismo ao rumar para Menphis, onde recebeu a alcunha que estamparia seus mais de 50 álbuns, alguns dos quais considerados fundamentais na história da música americana. O músico foi um dois primeiros da sua geração a receber aplausos entusiasmados de plateias brancas, o que lhe causava desconforto, mas não roubava seu humor. “Tocar blues é ser negro duas vezes”, repetia. Certa vez, ao passar pela fila exclusivamente branca da bilheteria de uma de suas primeiras apresentações, achou que tinha errado de endereço. Até os 86 anos, B.B. King fez mais de 100 shows por ano, tendo chegado a 300. Seu último concerto no Brasil foi realizado em 2012, em São Paulo.
O intérprete dizia que morreria ao lado de Lucille, a guitarra Gibson L-30 batizada com o nome da mulher que motivou uma briga de bar que quase lhe tirou a vida. Mas morreu dormindo, deixando para o mundo os acordes que lhe valeram o maior número de prêmios Grammy de um músico de blues, 15.
Foto: Harry Scull Jr./AP Photo