03/10/2001 - 10:00
Uma parcela considerável das pessoas que sentam na cadeira do dentista está à procura de soluções para recuperar a comissão de frente da boca. A última novidade em tratamentos chegou ao Brasil há menos de dois meses e é pouco conhecida. Trata-se de um tipo de implante capaz de repor todos os dentes da parte inferior da arcada dentária (a mandíbula) no mesmo dia. Pelo método convencional, o paciente só sai com o sorriso perfeito depois que a gengiva e o osso se refizerem em volta do parafuso do implante, o que pode levar de três a seis meses.
Batizado de Novum, o novo sistema foi desenvolvido pela empresa sueca Branemark. O método consiste na colocação de três parafusos para dar sustentação a uma placa de titânio na qual se apóiam as próteses dentárias. Enquanto o paciente se submete a uma cirurgia para implantação desses parafusos (com anestesia local), os novos dentes são preparados para serem colocados na placa. O tratamento é rápido porque utiliza moldes (há três tipos) que servem para a maioria das pessoas. O especialista em implantes Laércio Vasconcelos, de São Paulo, explica que o artefato de titânio amortece os impactos e garante proteção para que os tecidos cicatrizem e os parafusos consigam se fixar. Ele atualmente ministra cursos a pedido da Nobel Biocare, subsidiária brasileira da fabricante, para ensinar a usar o Novum. O público-alvo são cerca de oito mil profissionais que fazem implantodontia (nome da especialização). O certificado conferido pelo curso é a segurança do usuário. “Significa que o profissional foi treinado para usar a tecnologia”, avisa Aluizio Canto Júnior, diretor da empresa. A colocação da arcada artifical custa, em média, R$ 10 mil. É um recurso eficaz, mas para poucos.
Exigências – A advogada Teresa Casadevall, 42 anos, de São Paulo, recorreu ao Novum há dois anos, numa fase experimental da técnica. Ela perdeu os dentes em consequência de um longo tratamento para vencer um câncer linfático. “Sinto alívio por ter me livrado da dentadura usada por tantos anos e que me fez passar alguns apuros”, diz. O bom desempenho do método depende das condições da boca do candidato. Uma das exigências é haver ossos em quantidade suficiente na parte inferior da arcada dentária para introduzir com segurança os parafusos dos implantes. “Se faltar esse suporte ósseo, o implante pode não dar certo”, afirma José Vicente Contatore, professor de periodontia da Associação Americana de Odontologia. Nesse ponto, há uma polêmica entre os especialistas. Alguns acham que bastam seis milímetros de osso para fixar os parafusos de titânio e fazer o implante (leia mais no quadro). Outros consideram esse volume insuficiente e sugerem tratamentos de recuperação dos ossos antes de fazer o implante. Isso pode ser feito com técnicas como o enxerto e o uso de ossos liofilizados (em pó). Contatore também alerta para a necessidade de curar infecções nas gengivas antes do implante. Elas protegem os ossos onde estão inseridas as raízes dos dentes. Quando se descolam por algum motivo, cria-se uma bolsa na qual restos de alimentos e bactérias se depositam. A consequência é a perda de massa óssea.
Código genético – Nos tratamentos para recuperar ossos, a engenharia genética ajuda a criar materiais mais compatíveis com o organismo. Um exemplo disso é uma membrana (um tipo de adesivo com dupla face usado na terapia) com código genético similar ao dos ossos. O produto deve chegar ao Brasil em outubro. “Ela é colocada entre o osso e a gengiva para evitar que a mucosa ocupe espaço antes que o osso cresça”, explica Contatore. Novidades como essas melhoram as condições dos ossos e as chances de sucesso das correções. O resultado da falta de critério na colocação de dentes artificiais se reflete nos consultórios dos especialistas. Nas clínicas de Contatore e Vasconcelos, cerca de 30% dos pacientes precisam de atendimento para corrigir problemas nos implantes dentários. Fazer o trabalho sem cuidar da gengiva e dos ossos com problemas equivale a construir um prédio em terreno arenoso. Mas se a fundação estiver boa, aí sim dá para voltar para casa com o sorriso renovado.
Malhação com som de primeira |
O uso crescente do raio laser e a possibilidade de danos (como queimaduras) a pessoas que se submetem a esses tratamentos levaram dentistas a criar uma entidade para controlar a aplicação da tecnologia: a Associação de Desenvolvimento, Estudo e Pesquisa do Laser na Odontologia (Adeplo), presidida por Andréa Calmon. “A irradiação não pode ser vista como recurso milagroso”, afirma. A entidade vai fornecer um selo de qualidade aos consultórios e clínicas cuja habilitação para o uso do laser for reconhecida. A irradiação não é indicada para todos os casos. Andréa sustenta que não há necessidade de adotar a luz para o clareamento de dentes. “A tecnologia convencional permite o mesmo resultado”, diz. Ela afirma que as únicas diferenças entre os métodos são o tempo e o preço. |