Na Assembléia Legislativa de Goiás, a procuradora-geral de Justiça do Estado, Ivana Farina, é chamada pela oposição de Brindeiro de saias. Uma alusão ao procurador-geral da República, Geraldo Brindeiro, que carrega a fama de amigo do governo, por engavetar as denúncias que possam prejudicar a gestão do presidente Fernando Henrique Cardoso. Um processo contestado pelo consultor jurídico do Tribunal de Contas do Estado ilustra a preocupação dos deputados oposicionistas. Trata-se da realização de um show do cantor sertanejo Daniel, realizado em 12 de agosto na cidade de Aparecida de Goiânia. A Agência Goiânia de Turismo (Agetur) bancou, com dinheiro público, o cachê de Daniel para a Companhia de Rodeios João Palestino Ltda., empresa particular que organiza anualmente o evento Cowboy do Asfalto. A empresa pertence a Sidney Farina, irmão da procuradora-geral de Justiça, e o cachê foi um dos mais altos cobrados pelo artista sertanejo: R$ 120 mil. Segundo a HRP Promoções, agência que organiza os shows de Daniel, o cantor costuma cobrar cerca de R$ 70 mil por suas apresentações.

“Nenhum dos requisitos exigidos por lei foi cumprido”, afirma o consultor jurídico do Tribunal de Contas, Eurico Santos Filho. No governo, o caso é visto de outra forma. Segundo o assessor jurídico da Agetur, Diógenes Magalhães Neto, não houve nenhuma irregularidade, pois o regimento interno da empresa permite que a Agetur “faça contratos tanto com pessoas físicas como com pessoas jurídicas”. O assessor de imprensa do governador Marconi Perillo, Tassim Zaidem, afirmou que é papel da Agetur promover eventos e patrocinar atos que fomentem o turismo no Estado. Segundo ele, o Cowboy do Asfalto é um desses eventos com repercussão nacional.