Numa manhã de quinta-feira, a professora aposentada Elisete Brasileiro, 72 anos, passava pela estação do metrô da praça Saens Peña, na zona norte do Rio. Sentia uma incômoda dor nas costas quando avistou a solução: uma terapeuta de shiatsu (massagem oriental) que atende os passageiros de graça. "Os dedos dela são capazes de fazer milagres", suspirou após dez minutos de sessão. Os toques milagrosos são da massagista Jane Rangel, 26 anos, que há um mês participa do projeto Espaço Aberto, cuja primeira etapa se encerra no domingo 30 – em novembro, ele volta com cinco tipos de massagem. "Atendi, em média, 12 pessoas por dia, mas cheguei a massagear até 25", contabiliza Jane. Eles recebem a massagem numa cadeira especial.

O shiatsu é uma técnica de origem japonesa. Ela promete melhorar a circulação da energia corporal ativando canais ou meridianos do organismo. É como uma acupuntura feita com a pressão dos dedos, que traz grande alívio, especialmente para os que sofrem da coluna, como dona Elisete. É claro que dez minutos de massagem funcionam apenas como paliativo. "É como se a pessoa tomasse um analgésico", compara a terapeuta. No caso das consultas a jato do metrô, a única investigação possível é levantar possíveis contra-indicações: gravidez (a massagem pode acelerar um processo abortivo se ele já estiver em andamento), hérnia de disco e pressão alta.

Não há usuário que passe indiferente àquela estranha cadeira preta onde as pessoas se acomodam para se submeterem à massagem. Alguns param e perguntam o que é aquilo. Outros nunca ouviram falar de shiatsu e resolvem matar a curiosidade. Mas todos saem se sentindo melhor do que antes. "Outro dia atendi uma jovem com fortes dores na coluna, que passou quatro dias me seguindo nas estações e depois veio me trazer um presente, feliz porque tinha ficado boa", lembra Jane. A oferta da terapia no metrô acontece nas estações das linhas um e dois. Só não há atendimento nos fins de semana.

Toques Chineses

Quem gosta de massagem pode vibrar. A médica chinesa Hu Pao Yu, 46 anos, está ensinando aos cariocas um método chamado automassagem, ou Nei-kung. Ela desenvolveu a técnica, que consiste em orientar a pessoa a se concentrar em sua energia vital. "É uma terapia que ajuda a evitar e tratar doenças e a retardar o processo de envelhecimento", explica. Após 20 minutos de meditação, o aluno esfrega as palmas das mãos até aquecê-las, e então parte para movimentos com objetivos específicos. Se a pessoa entrelaçar os dedos das mãos (já aquecidas) e passá-los na cabeça repetidas vezes, ativará funções cerebrais e melhorará a memória. Se fizer vários movimentos circulares sobre o abdome no sentido horário, com uma palma da mão sobre a outra, estimulará a absorção dos nutrientes pelo intestino e previnirá prisão de ventre. "O método não exige força, mas concentração", ensina. De acordo com a médica Yu, o organismo tem um sistema de defesas que pode ser estimulado com a automassagem.