26/09/2001 - 10:00
Antes da reportagem “Abaixo da Cintura”, publicada em 28 de fevereiro, de autoria dos jornalistas de IstoÉ Andrei Meireles e Mino Pedrosa, o senador Antônio Carlos Magalhães (PFL-BA) personificava o coronelismo inatingível, imbatível, que se beneficiou de benesses concedidas por governos federais de vários matizes ideológicos. Parecia que nunca iria ser apeado do poder. Mas a publicação da matéria, que revelou o conteúdo da conversa de ACM com três procuradores federais, marcou o início do fim da epopéia do coronel baiano. A violação do painel de votação do Senado na ocasião da cassação de Luiz Estevão foi um dos pecados admitidos por ACM no bate-papo e se transformaria no principal argumento para sua cassação. Antecipando-se à degola, o senador baiano renunciou.
A importância desse trabalho jornalístico histórico dos repórteres de ISTOÉ foi reconhecida na noite de quinta-feira 20, quando a reportagem foi agraciada com o III Prêmio Embratel de Jornalismo, na categoria Jornal e Revista. “Esse prêmio coroa a liberdade que temos em ISTOÉ para publicar denúncias contra gente poderosa como ACM, Jader Barbalho ou Collor”, disse Mino Pedrosa. Para Andrei Meirelles, a reportagem foi muito questionada no início, mas o reconhecimento chegou logo depois. “A obstinação da equipe fez com que a verdade prevalecesse. Conseguimos também descobrir a participação de José Roberto Arruda e da funcionária Regina Borges na violação do painel”, recorda Andrei.
Foram inscritos 651 trabalhos e 42 chegaram à fase final. A entrega do prêmio aconteceu no Golden Room do Hotel Copacabana Palace, no Rio, com apresentação de Ronaldo Rosas e Glória Maria. A atração especial foi um show de Ed Motta. O repórter Marcelo Canellas, da Rede Globo, recebeu o Prêmio Barbosa Lima Sobrinho pela reportagem “Fome”, uma série de cinco matérias veiculadas no Jornal Nacional. Outros premiados: na categoria TV, Caco Barcelos, com “Recontando os Mortos da Repressão”; em Fotografia, Monica Zarattini foi premiada pela foto “Detentos no Complexo do Carandiru”, publicada no Jornal da Tarde; em Esporte foi premiada a reportagem “Assim Sumiram Três Anos”, de Marceu, Ivan Padilla e Clóvis SainClair, da revista Época; na categoria Internet, o melhor trabalho jornalístico foi do portal Terra; em Rádio, Alexandra Fiori e Cid Martins, da Rádio Bandeirantes, de Porto Alegre, foram premiados por “Democracia Tardia.”