Na sexta-feira 10, ao deflagrar a 11ª etapa da Operação Lava Jato, o juiz Sérgio Moro abriu duas novas frentes de investigação para além da Petrobras e que tendem a emparedar ainda mais o governo Dilma e seus aliados. Batizada de “Origem”, a nova operação investiga esquema de fraudes em contratos no Ministério da Saúde e na Caixa Econômica Federal. Em ambos os casos, a Polícia Federal e o MPF descobriram a participação do ex-deputado federal André Vargas (PR), ex vice-presidente da Câmara e homem forte do PT até o ano passado. Depois de ser expulso da legenda e ter o mandato cassado, Vargas agora ficará detido na Superintendência da PF em Curitiba. Além dele, também foram presos os ex-deputados Luiz Argolo (SD -BA) e Pedro Corrêa (PP-PE), já condenado no processo do mensalão.

LAVA-JATO-01-IE.jpg
LUXO E PROPINA
A Polícia usou o Range Rover que pertencia ao delator da Petrobras,
Paulo Roberto Costa, para prender André Vargas

A queda de Vargas assusta o Palácio do Planalto, pois há meses ele dava sinais de que entregaria outros caciques petistas, caso fosse preso. O ex-deputado é acusado de corrupção e lavagem de dinheiro, além de sonegação fiscal. Segundo a PF, ele teria recebido ao menos R$ 2,4 milhões em propinas para intermediar contratos de publicidade para a agência Borghierh Lowe Propaganda e Marketing com a Caixa e o Ministério da Saúde, além de outros órgãos públicos. De acordo com as investigações, Vargas foi o destinatário de pagamentos das chamadas “comissões de bônus de volume”, em esquema semelhante ao usado no caso do mensalão. O dinheiro era depositado nas contas das empresas Limiar e LSI, controladas por André Vargas e seus irmãos, conforme revelou ISTOÉ no ano passado. 

IEpag48LavaJato.jpg

Além da agência, a PF suspeita também dos contratos da empresa IT7 Sistemas com a Caixa, o Serpro e outros órgãos. A contadora de Youssef, Meire Poza, confirmou a emissão de notas frias em favor da IT7 para “acobertar transferência de recursos” para Leon Denis e André Vargas. Emails interceptados confirmaram a transação. Moro determinou a prisão de Leon Denis Vargas Ilário, irmão de André Vargas, de Elia Santos da Hora, secretária de Argolo, Ivan Torres, laranja de Corrêa, e Ricardo Hoffmann, vice-presidente e diretor-geral da agência Borghierh Lowe em Brasília. No caso do Ministério da Saúde, o esquema incluiria contratos com laboratórios farmacêuticos. Na primeira fase da Lava Jato, a PF descobriu que Vargas atuou em parceria com o doleiro Alberto Youssef para abocanhar um contrato de R$ 150 milhões, usando a empresa Labogen, como laboratório de fachada para o pagamento de propinas. Para a PF, as novas provas confirmam que Vargas era sócio de Youssef. Os investigadores, porém, querem descobrir a participação de outros agentes públicos que colaboraram com o esquema.

Fotos: Polícia Federal/Curitiba; Sérgio Lima/Folhapress; DIDA SAMPAIO/AG. ESTADO/AE