Os dois modelos de avião Boeing 757 e 767 que funcionaram como mísseis de ataque na terça-feira explosiva são usados por 26 companhias aéreas no mundo. Têm 64 computadores para controlar os sistemas de navegação, hidráulico e elétrico das aeronaves e são monitorados pelos pilotos no painel do avião, onde também se observa a potência, a temperatura do motor, a pressão do óleo, a pressurização da cabine e o nível de combustível. A principal diferença entre os modelos reside na capacidade do tanque e na presença de dois corredores no 767, contra um do 757.

Pilotar uma aeronave dessas exige 1.500 horas de vôo, mas especialistas em aviação dizem que 40 horas já bastam para guiá-la no ar. “Ficou claro que o terrorismo possui especialistas em aviação e pilotos com instrução primária”, diz Carlos Camacho, diretor do Sindicato Nacional dos Aeronautas. “Os terroristas devem ter comandado um avião semelhante e podem até ser pilotos militares”, supõe o comandante Luiz Sergio Fernandes Jr., com 12 anos de Transbrasil. Segundo ele, os terroristas sabiam que na altitude em que voavam não poderiam atingir a velocidade máxima de 950 km/h – próximo do solo, o ar é mais denso e poderia arrancar as asas do avião. “Deviam estar a 600 km/h.”

O coronel da Aeronáutica Ronaldo Jenkins diz que os terroristas não precisaram de muita habilidade para acertar o alvo, mas planejaram a ação com detalhes. Todo avião tem que seguir uma rota predeterminada e não pode se desviar sem autorização das torres de comando dos aeroportos, que controlam o tráfego aéreo com radares e sistema de localização por satélite. Em caso de mudança na trajetória, o avião é advertido. Se não retomar seu caminho, a defesa aérea é acionada para fazer o avião pousar na marra. Só em último caso apela-se para o abate. Os terroristas parecem ter seguido a rota original até chegar perto do alvo. A partir daí, esfaquearam passageiros e tripulantes e desligaram o transponder, equipamento que envia sinais eletrônicos às torres de comando com dados sobre altitude, rota e velocidade da aeronave, o que dificultou o seu rastreamento. O resto da história o mundo descobriu com terror e indignação.

Colaborou Hélio Contreiras

Plástico letal

No mercado negro, é possível comprar por US$ 50 facas que são um prato cheio para quem quer entrar armado em áreas restritas como os aviões. Provavelmente usadas pelos terroristas, essas facas são feitas de polímero, material plástico de alta resistência empregado na fabricação de armas de fogo. As facas de plástico passam despercebidas pelos detectores de metal dos aeroportos e, com pontas afiadas e dentes serrilhados, causam tanto estrago quanto uma arma convencional. Apelidadas de “abridores de cartas da CIA (a agência de inteligência dos EUA)”, essas armas podem ser escondidas até dentro do cabo de uma escova de cabelo.