05/09/2001 - 10:00
Apesar do significativo avanço na forma como a sociedade encara a terceira idade, boa parte dos homens e mulheres que estão nessa fase da vida ainda se conforma com uma rotina improdutiva, como se só restasse a eles esperar o fim da linha. O psicólogo americano James Birren, diretor associado do Centro de Estudos do Envelhecimento da Universidade da Califórnia (Ucla), descobriu que a melhor forma de de essas pessoas darem nova cor ao presente é jogar luz sobre o passado. Assim nasceu o método Autobiografia Orientada, que já foi aplicado com sucesso por Birren nos Estados Unidos e em outras partes do mundo. “A idéia é fazer com que a pessoa reconte sua vida para um grupo e a reescreva, em processo conduzido por um orientador. Isso leva-a a rever vários episódios importantes sob uma nova perspectiva”, explica Birren, 84 anos.
Com a prática, o idoso passa a dar mais importância à sua trajetória, o que aumenta sua auto-estima e o torna mais seguro. A técnica, criada há 20 anos, mas ainda pouco conhecida no Brasil, melhorou a vida de muitas pessoas e deu origem a um acervo de milhares de autobiografias. “Esse material pode servir para vários fins, como fonte de pesquisas, repositório sentimental ou até mesmo para uma publicação comercial”, diz Birren, que esteve no Brasil recentemente para explicar a técnica.
Há 60 anos, o psicólogo trabalha com idosos. No seu contato com esse público, notou como é importante dividir as experiências. “Geralmente, os jovens têm pouca paciência e disponibilidade para ouvir essas pessoas. É como se eles tivessem guardado momentos preciosos em um arquivo escuro e empoeirado que ninguém consulta”, diz ele. Quando volta a falar de seu passado, o idoso não apenas revive antigas emoções como também passa a limpo muitos episódios mal resolvidos. O resultado vai para o papel. “O ser humano que passa por esse processo fica mais fortalecido”, conta Birren. Vários idosos submetidos à sua técnica voltaram a estudar e a participar de movimentos de direitos da terceira idade.
A revalorização é particularmente importante num momento em que os idosos estão se tornando mais numerosos em todo o mundo. O professor acredita que esse fato não pode ser visto como algo negativo. “Esse público consome, viaja, pratica esportes e tem comportamento melhor do que o dos jovens. Deve apenas ser estimulado a deixar de lado a cadeira de balanço”, afirma Birren. O americano tem autoridade para tratar do assunto. Além de atuar na Ucla, é professor da Universidade de Cambridge, ex-diretor do Serviço Nacional de Saúde Mental dos Estados Unidos e autor do best-seller Manuais de envelhecimento. Esbanja vitalidade e faz caminhadas diárias.
Força, vovô |
Muita gente pode se assustar caso se depare com o avô fazendo musculação. É hora de mudar de idéia. O livro Musculação aplicada ao envelhecimento (Ed. Doma Design), lançado recentemente, tenta acabar com a impressão de que uma pessoa acima de 60 anos só deve praticar hidroginástica. “É uma mudança de conceito, pois todo mundo acha que um indivíduo frágil não consegue levantar peso”, diz o cardiologista Antônio Arruda Júnior, autor da obra. Seu objetivo não é deixar os vovôs sarados como os viciados em academia. Mas aumentar a força muscular por meio de exercícios suaves com peso. A musculação para os velhinhos é recomendada por outros médicos. É o caso de José Santarém. “Ela realmente fortalece a estrutura do corpo”, afirma. O fisiologista Turíbio Barros concorda, mas ressalta que também é fundamental a manutenção de exercícios aeróbicos, como a caminhada, para melhorar o funcionamento do coração. |