O PT conta com o desgaste do Congresso, decorrente do escândalo da Petrobras, para tentar aprovar a reforma partidária com financiamento público de campanhas e voto em lista. Por essa estratégia, a relação de parlamentares citados nas denúncias e nos pedidos de inquérito pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, vai enfraquecer as propostas do presidente da Câmara, Eduardo Cunha – favorável às contribuições privadas. Além da lista, o PT espera grande pressão da sociedade pela reforma.

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Tropa de ministros
Cinco ministros foram escalados pela presidente Dilma Rousseff para convencer as bancadas governistas a apoiar as mudanças trabalhistas e na Previdência. São eles: Miguel Rossetto (Secretaria-Geral da Presidência), Carlos Gabas (Previdência), Manoel Dias (Trabalho), Nelson Barbosa (Planejamento) e Pepe Vargas (Relações Institucionais).

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Os comunistas resistem 
Na manhã da quinta-feira 26, a bancada do PCdoB se surpreendeu ao ser recepcionada, no Planalto, pela tropa de Dilma. Os ministros fizeram até exibição em datashow. Apesar de todo o esforço, os deputados comunistas se negaram a apoiar as mudanças no seguro-desemprego.

PROS e contras Cid Gomes  
Com a eleição do novo líder do PROS, Domingos Neto (CE), o ministro da Educação, Cid Gomes, ganhou um aliado para defender seus interesses na Câmara. O líder anterior, Givaldo Carimbão (AL), pertence a um grupo que trava disputa interna com Cid pelo controle do partido.

Sentimento de culpa
Antes do Natal, o executivo Sérgio Mendes, da empreiteira Mendes Júnior, pediu a seus familiares que soltassem os passarinhos que mantinha em cativeiro em sua casa. Preso na superintendência da Polícia Federal de Curitiba, o empreiteiro entendeu a importância da liberdade.

Tudo pela Lava Jato
O presidente do TCU, Aroldo Cedraz, disse a investigadores da Lava Jato que técnicos do tribunal vão priorizar 25 processos e auditorias que têm ligações com a Petrobras. O Ministério Público acredita que os pareceres de auditores do tribunal podem acelerar as investigações.

Conexão WhatsApp
O Ministério da Justiça escalou assessores para acompanhar a CPI da Petrobras em tempo real. Na quinta-feira 26, uma funcionária enviava detalhes da reunião para o grupo do ministério no WhatsApp. No plenário da CPI, o monitoramento será feito por uma única servidora, além do trabalho de assessoria legislativa do órgão, que sempre existiu.

Bancoop
O processo na primeira instância contra o tesoureiro do PT, João Vaccari, no caso de desvios do Bancoop terá desdobramentos nos próximos dias. Os deputados estaduais petistas Luiz Claudio Marcolino e Antonio Mentor serão ouvidos como testemunhas de defesa de Vaccari. Mais desgaste para o partido.

Trocas no segundo escalão
A presidente Dilma Rousseff analisa a possibilidade de nomear o ex-presidente da Caixa Econômica Federal Jorge Hereda para a Secretaria Nacional da Habitação, do Ministério das Cidades. Se esse movimento for confirmado, a atual ocupante do cargo, Inês Magalhães, deve ser deslocada para a vice-presidência de Habitação da Caixa. Caso as duas mudanças sejam feitas, Dilma agradará à sucessora de Jorge Hereda na Caixa, Miriam Belchior. Além de amigas, Miriam e Inês Magalhães são parceiras de carteado. Ao arranjar um posto para Hereda, Dilma atenderá seu protetor, o ministro da Defesa, Jaques Wagner.

A feirinha e o Denatran
O ministro das Cidades, Gilberto Kassab, nomeou para um cargo no Denatran seu ex-secretário de Coordenação de Subprefeituras Ronaldo Souza Camargo. O escolhido assessora o diretor do órgão, Alberto Angerami, ex-integrante do governo de José Serra. Camargo responde a ação de improbidade administrativa por envolvimento no escândalo da Feirinha da Madrugada, de São Paulo.

Toma lá dá cá

Cláudio Abramo, fundador da ONG de combate à corrupção Transparência Brasil

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ISTOÉ – A reforma política pode melhorar o sistema de seleção de parlamentares e governantes?
Abramo –
A mãe de todas as reformas é a limitação das indicações políticas feitas pelos chefes do Executivo. Isso nem sequer está na pauta da reforma política.

ISTOÉ – Por que essas indicações desequilibram o sistema?
Abramo –
Os chefes usam o sistema para cooptar partidos políticos e assim desvirtuar a vida política de um modo geral.

ISTOÉ – Proibir doações de empresas resolve parte do problema?
Abramo –
Não permitir o financiamento de empresas provocaria uma alteração na economia interna dos partidos. Imagino que os parlamentares têm horror exatamente a isso.

Rápidas

* O ministro da Secretaria de Portos, Edinho Araújo, confirma que investirá R$ 378 milhões no terminal de Santos. Explica, porém, que o investimento nada tem a ver com o cancelamento dos R$ 50,5 milhões destinados ao complexo de Suape, em Pernambuco.

* Nas conversas de aproximação com o Planalto, o PMDB avisou aos ministros Pepe Vagas, das Relações Institucionais, e Aloizio Mercadante, da Casa Civil, que o Planalto enfrentará dias difíceis no Congresso se não saírem as nomeações do segundo escalão.

* O Tribunal Regional Eleitoral do Rio Grande do Norte procura um especialista em shiatsu para relaxar os ombros das autoridades do Judiciário. O pacote diário de massagens, repetido por dez meses, custará R$ 31,6 mil ao bolso do consumidor.

* O secretário do Programa de Aceleração do Crescimento, Maurício Muniz, sofre pressão do PSDB por informações sobre o próximo balanço do PAC, previsto para o segundo semestre. Os tucanos acreditam que a Operação Lava Jato provocará grandes atrasos nas obras.

Retrato falado
Na primeira semana de trabalho do Congresso depois do Carnaval, a palavra CPI foi a mais repetida no Congresso. Enquanto a Câmara se ocupa da CPI da Petrobras, no Senado, o senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) recolhe assinaturas para abrir a CPI do HSBC. Segundo o senador, o número de brasileiros envolvidos em remessas de recursos para contas do banco na Suíça é um dos maiores do mundo.

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Saudade da minha novela
A reprise da novela “Rei do Gado”, da TV Globo, teve um espectador especial na sala do cafezinho do plenário da Câmara na tarde da quarta-feira 25. O cantor, ator e deputado Sérgio Reis (PRB-SP) aproveitou o momento do lanche para assistir ao capítulo da trama, que foi ao ar em 1996. “É interessante, porque na época eu só vi as cenas em que participei”, contou à coluna o parlamentar paulista.

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Um violeiro ruralista
Na novela de Benedito Ruy Barbosa, Sérgio Reis interpreta “Saracura”, um violeiro errante que forma dupla com Almir Sater, o “Pirilampo”. No Congresso, ele faz parte da bancada ruralista, perfil mais parecido com “Bruno Mezenga”, papel de Antonio Fagundes em “O Rei do Gado”.

Ilustração: Ivan Frare
Fotos: CELSO JUNIOR/AE; Divulgação
Colaboraram: Claudio Dantas Sequeira, Izabelle Torres e Josie Jerônimo