A falta de prestígio do governo no início do segundo mandato da presidente Dilma Rousseff pode ser medida pela dificuldade de nomeação dos líderes no Congresso. Escolhido para representar o governo na Câmara, o deputado José Guimarães (PT-CE) aceitou depois de dizer que ninguém queria o cargo. No Senado, o PMDB avisou que abre mão do posto e, com isso, o PT entrou na briga pelo espaço vago. Na disputa interna, a maior interessada na função é a senadora Gleisi Hoffmann (PR), ex-ministra da Casa Civil.

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Depois das comissões
Os petistas avaliam que, apesar da recusa inicial, o PMDB ainda vai mudar de posição e indicar um nome para a liderança do governo no Senado. Em dúvida, Dilma adiou a decisão para depois das eleições dos presidentes das comissões permanentes, previstas para esta semana. O cargo de líder pode ficar com um senador preterido nessas disputas.

O futuro da relação I 
Na Câmara, a bancada do PMDB tem reunião na terça-feira 24 para demarcar terreno em relação ao governo. Um dos temas do encontro será a suspeita de que o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), pretende entregar
aos petistas a relatoria da CPI da Petrobras.

O futuro da relação II 
Um grupo de deputados se opõe à negociação da relatoria da CPI com os petistas. “Não vamos permitir que o PMDB faça esse acordo”, afirma o deputado Danilo Forte (PMDB-CE). Esses parlamentares pretendem cobrar de Cunha a promessa de independência em relação ao Planalto.

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Pressão sobre Cid
O ministro da Educação, Cid Gomes, assumiu o cargo sem apoio político até mesmo do próprio partido, o PROS. Agora, deputados querem levá-lo à Comissão de Educação para prestar esclarecimentos sobre cortes de verbas em sua pasta. Parlamentares do PROS engrossam a pressão.

Outras frentes de ataque
No Senado, o oposicionista Cássio Cunha (PSDB-PB) apresentou requerimento pedindo esclarecimentos a Cid Gomes sobre problemas com o acesso ao Fundo de Financiamento Estudantil (Fies). Senadores do PMDB também querem colocar Cid em uma comissão temática para pressioná-lo.

De olho no fundo
Uma auditoria do Tribunal de Contas da União (TCU) preocupa o governo. Antes do escândalo da Petrobras, o tribunal analisou 12 denúncias e representações contra o Petros, fundo de pensão dos funcionários da companhia. Os procedimentos foram encerrados, mas as investigações da Lava Jato fizeram o TCU olhar para o fundo com mais cuidado.

Argumento
Aliados da presidente Dilma Rousseff tentam convencer o TCU de que um relatório que aponte problemas nas contas do Petros deixaria o ambiente político ainda mais instável neste momento. O Planalto trabalha para que o resultado das auditorias nos fundos de pensão só fique pronto em 2016.

Teste para a Olimpíada
A Secretaria Extraordinária de Segurança de Grandes Eventos aproveitou o Carnaval do Rio de Janeiro para aplicar em larga escala o sistema de monitoramento usado durante os jogos da Copa do Mundo, no ano passado. Os centros de controle e a plataforma de observação elevada acompanharam os deslocamentos da multidão de foliões na orla da zona sul carioca. As equipes responsáveis pelo teste ficaram satisfeitas com o desempenho demonstrado pelo sistema. A experiência da última semana funcionou como treinamento para o esquema de segurança que está sendo aperfeiçoado para os Jogos Olímpicos de 2016.

Luto na plataforma
Os problemas nos navios-plataforma da Petrobras estão cada vez mais graves e frequentes. Antes das explosões no litoral norte do Espírito Santo, há duas semanas, um funcionário passou mal em um navio embarcado no Rio de Janeiro. Sem equipe médica e sem helicóptero para transporte do servidor até um hospital, não houve tempo de socorrê-lo. O homem morreu horas depois.

Toma lá dá cá

Deputado Jean Wyllys (PSOL-RJ)

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ISTOÉ – A legalização do aborto e da maconha e a criminalização da homofobia perdem força com Eduardo Cunha na presidência da Câmara?
Jean –
Não deveria, pois o presidente não pode usar como filtro dos trabalhos as suas convicções religiosas ou morais.

ISTOÉ – Como neutralizar a interferência religiosa nos trabalhos da Casa?
Jean –
Levamos as nossas pautas para as ruas. Vamos agir assim diante das alianças de Cunha com a bancada fundamentalista, com a bancada do agronegócio e com a bancada da bala.

ISTOÉ – Qual é a gravidade desta situação?
Jean–
Está ocorrendo um alinhamento entre a representação desses fundamentaslistas religiosos e a presidência da Câmara, o que deixa a pauta à mercê das convicções religiosas.

Rápidas

* Será no dia 25 de fevereiro o disputado leilão do Senado. Como acontece todo início de legislatura, a direção da Casa vai renovar seus equipamentos. Com isso, atrai dezenas de pessoas interessadas em comprar produtos de qualidade por preço simbólico.

* No leilão deste ano serão postos à venda alguns produtos pouco lembrados quando se fala do Senado. Na lista dos itens que serão negociados estão seis carros, um caminhão e um micro-ônibus. A relação de bens inclui, até mesmo, camas hospitalares.

* O Tribunal de Contas da União levou quase 20 anos para proferir acórdão final que condenou os juízes do Tribunal Regional do Trabalho do Ceará Francisco Tarcísio Guedes Lima Verde, João Nazareth Pereira Cardoso e José Ronald Cavalcante Soares.

* O processo no TCU foi aberto em 1996, depois que uma auditoria identificou a nomeação de parentes para funções comissionadas no Tribunal Regional do Ceará. No pente-fino, também foi encontrado pagamento de adicional de insalubridade a servidor inativo.

Retrato falado
O ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Joaquim Barbosa conseguiu irritar ao mesmo tempo o governo e o PT com 140 caracteres de uma postagem no Twitter. Barbosa criticou o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, por ter recebido em audiência advogados e representantes da Odebrecht, empreiteira investigada por participação no esquema de corrupção na Petrobras. Tarso Genro, que foi ministro da Justiça de 2007 a 2010, defendeu Cardozo.

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Uma conta em Paris
Procuradores da Operação Lava Jato receberam a informação de que o doleiro Alberto Youssef teria US$ 287 milhões em um banco em Paris. A conta seria do ex-deputado morto José Janene (PP-PR), considerado o patrono do Petrolão. O Ministério Público Federal quer saber se a viúva, Stael Janene, e o ex-assessor Wagner Pinheiro, que também serviu a André Vargas, ex-deputado cassado, sabem da conta secreta.

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Petrolão sem fim
Integrantes da Lava Jato reavaliam a decisão de manter na Justiça Federal de Curitiba todos os processos decorrentes do inquérito original, pois toda hora surgem fatos novos. Uma saída é aumentar o contingente da força-tarefa. “Nada parece ter fim”, diz um dos investigadores.

Fotos: José Cruz/ABr; Josoe de Carvalho,Folha de Londrina
Colaboraram: Claudio Dantas Sequeira, Izabelle Torres e Josie Jerônimo