22/08/2001 - 10:00
Depois de admitir que o medicamento Lipobay, contra o excesso de colesterol, foi o responsável pela morte de 52 pessoas, a alemã Bayer AG, fabricante da centenária aspirina, eleita em 1999 por leitores da revista americana Newsweek a quarta melhor invenção dos últimos 100 anos, anunciou que está analisando a possibilidade de vender a sua divisão farmacêutica, abatida por um prejuízo imediato de R$ 500 milhões.
O Lipobay, produto com potencial de venda de US$ 3 bilhões (cerca de R$ 7,4 bilhões) por ano, virou veneno para seus consumidores e um inferno para a multinacional alemã, que, quase ao mesmo tempo, anunciava a demissão de cinco mil funcionários.
Mais problemas à vista: as famílias das vítimas fatais ou não do medicamento começam a entrar na Justiça, com a perspectiva de receber indenizações milionárias. O primeiro caso conhecido é de um americano de Oklahoma que morreu por insuficiência renal. A família contratou um advogado e entrou com uma ação contra o que considera negligência e irresponsabilidade da empresa. Aos usuários, os médicos recomendam a suspensão do remédio e uma consulta ao médico que prescreveu o medicamento.
Em meio à tormenta – a empresa é acusada de minimizar as contra-indicações e os efeitos colaterais de seu medicamento –, o grupo anunciou o adiamento de sua entrada na Bolsa de Wall Street, de setembro de 2001 para fevereiro de 2002. O jornal americano The Wall Street Journal afirmou que a suíça Novartis e a americana Bristol-Myers Squibb seriam as prováveis pretendentes da divisão
em crise.