13/02/2015 - 16:30
O enfraquecimento do governo Dilma Rousseff no Congresso provocou a sensação de que projetos podem ser aprovados mesmo contra a vontade do governo. Com isso, os presidentes da Câmara e do Senado correm contra o tempo para tentar aprovar a reforma política. Tanto Renan Calheiros (PMDB-AL) quanto Eduardo Cunha (PMDB-RJ) querem ser o primeiro a dar o pontapé inicial na proposta. Quem vencer a gincana terá como prêmio o título informal de pai da reforma. No Senado, a votação está prevista para março.
Teto para as doações
As propostas de Renan Calheiros e Eduardo Cunha têm diferenças. Ambos defendem o financiamento privado das campanhas, mas o presidente do Senado é favorável, por exemplo, à fixação de teto para as doações. Nesse formato, cada empresa pode contribuir, no máximo, com 7% dos gastos de um candidato. Cunha quer deixar como está: tudo liberado.
Com apoio tucano
Embora tenha apoiado Júlio Delgado (PSB-MG) para a presidência da Câmara, o PSDB agora canta afinado com Eduardo Cunha. Os tucanos apoiam a iniciativa do peemedebista de manter as contribuições privadas de campanhas eleitorais. O PT é favorável ao financiamento público.
Atropelaram o PT
Na disputa pela reforma política, ironicamente, o PT ficou como coadjuvante – pelo menos por enquanto. O tema se tornou uma das grandes bandeiras levantadas pelos militantes petistas na campanha eleitoral e foi muito explorado por Dilma Rousseff no discurso de vitória.
Mudança de prioridade I
Na mesma semana em que cancelou R$ 50,5 milhões para o Complexo Industrial de Suape, em Pernambuco, a Secretaria de Portos deu sinal verde para investir R$ 378 milhões no Porto de Santos. O titular da secretaria é o peemedebista Edinho Araújo, deputado eleito por São Paulo.
Mudança de prioridade II
A transferência dos recursos para Santos foi uma consequência da maré ruim do empreendimento pernambucano, arrastado pelo escândalo da Operação Lava Jato. Edinho Araújo aproveitou a situação complicada da obra no litoral nordestino e puxou a sardinha para o porto paulista.
Foliões na Rede
Militantes da Rede, partido que Marina Silva tenta criar, programaram passar o Carnaval recolhendo assinaturas em blocos e desfiles. Sem recursos para pagar uma equipe para executar a tarefa, Marina conta com a boa vontade de voluntários dispostos a usar as festas para levar adiante o projeto da ex-candidata à Presidência. Tudo pela causa.
Cartel
Procuradores da Lava Jato receberam informação de um ex-executivo de empreiteira sobre a existência de cartel no DNIT, órgão que cuida da infraestrutura de transportes no País. Esse cartel também usaria os serviços do doleiro Alberto Youssef. Uma das obras suspeitas seria o rodoanel de Maringá.
Marido influenciou Graça
Petistas afirmam que a opinião de seu marido, o empresário Colin Vaughan Foster, foi determinante na decisão tomada por Graça Foster de deixar a presidência da Petrobras antes da escolha do substituto. Quando Graça assumiu a companhia, Colin foi acusado de obter favorecimento da estatal em contrato de fornecimento de material. Inglês, ele é dono de uma empresa que fabrica equipamentos ligados à de produção petroleira. Nada foi provado contra Colin e o casal suportou os ataques em silêncio. Mas, ao ver a mulher apanhando diariamente na imprensa, ele fez um apelo para que ela deixasse a companhia.
O clube do golfe
Além do ex-gerente da Petrobras Pedro Barusco, as investigações da Lava Jato listam outros dois atletas amadores de golfe. Na nona fase deflagrada pela Polícia Federal, Milton Pascowitch e Guilherme Esteves de Jesus figuram na lista de supostos operadores de empreiteiras delatados por Barusco. Ambos participam de clubes especializados e disputam competições nacionais.
Toma lá dá cá
Deputada Jandira Feghali (RJ), líder do PCdoB
ISTOÉ – Como o PCdoB vai conciliar o apoio ao governo com a oposição aos cortes de gastos que limitam benefícios sociais?
Jandira – Cabe a nós, base programática e compromissada com os movimentos sociais, defender a não mudança, principalmente na questão do seguro-desemprego.
ISTOÉ – Há saída para reduzir os gastos sem alterar as regras?
Jandira – Sim, combatendo as fraudes. Restringir o acesso é desigual, principalmente por conta da rotatividade no mercado de trabalho.
ISTOÉ – As mexidas nos benefícios sociais dão combustível para a oposição?
Jandira – No fim eles vão apoiar os ajustes. Eles usam a alteração para desqualificar o governo, mas restringir os direitos sociais sempre foi a visão deles.
Rápidas
* O Planalto e o PT não se entendem sobre a comunicação oficial. Mesmo dentro do governo, virou moda falar mal da estratégia adotada pelo setor para divulgar o que interessa e, também, para rebater as notícias negativas. Essa é a batalha interna da comunicação.
* Cooperados da Bancoop que levaram calote durante a gestão do tesoureiro do PT, João Vaccari, estão esperançosos com a Lava Jato. Eles acreditam que a operação policial, mesmo por outros motivos, vai criar condições para punir o petista.
* Reunidos em grupos, os cooperados prejudicados pelos desmandos na Bancoop se mobilizam nas redes sociais para relembrar os prejuízos causados por Vaccari e a morosidade dos processos judiciais que investigam a conduta do atual tesoureiro petista.
* Filho do pecuarista José Carlos Bumlai, o empresário Maurício Bumlai é casado com Cristiane Dodero, sócia da Sebival Segurança Bancária Industrial e de Valores. No governo Lula, a empresa levou mais de
R$ 50 milhões em contratos com órgãos públicos.
Retrato falado
O aniversário de 35 anos do PT, no meio do escândalo da Petrobras, virou assunto no Congresso na última semana. A decisão do partido de defender o tesoureiro João Vaccari Neto mesmo após as denúncias do ex-gerente Pedro Barusco assombrou até a oposição. O líder do PSDB no Senado, Cássio Cunha Lima, afirmou que errar é humano e que o PT deveria ter aproveitado a situação para fazer mea culpa.
Caixinha de surpresas
A nova presidente da Caixa, Miriam Belchior, assume o cargo com o desafio de estabelecer novos parâmetros de governança antes de abrir o capital do banco no mercado. Um dos nós é a Caixapar, subsidiária criada em 2009 para adquirir e alienar participações societárias em instituições financeiras públicas ou privadas. Em pouco tempo de existência, a Caixapar se enrolou no caso do Banco Panamericano.
Punição inédita
Aliás, o comitê de análise de processos administrativos punitivos do Banco Central recomendou a condenação de Fabio Lenza e Raphael Rezende Neto, pela operação de encerramento irregular de 500 mil poupanças e a transferência do saldo de mais de meio bilhão de reais para o lucro da Caixa Econômica em 2012. Eles podem ser impedidos de atuar no mercado bancário e financeiro por seis anos. Cabe recurso.
Fotos: Edilson Rodrigues; Geraldo Magela/Ag. Senado; Alan Marques/Folhapress
Colaboraram: Claudio Dantas Sequeira, Izabelle Torres e Josie Jerônimo