Asequência de denúncias de corrupção na Petrobras foi interrompida na quarta-feira 11 por um acidente grave numa das plataformas a serviço da estatal no litoral norte do Espírito Santo. Em nota à imprensa, a companhia informou que, por volta das 14h, uma explosão a bordo do navio FPSO Cidade São Mateus, operado pela BW Offshore, deixou ao menos cinco mortos e 25 feridos. O navio tinha uma tripulação total de 74 pessoas, entre funcionários da estatal brasileira e terceirizados. A Marinha enviou ao local um navio e dois helicópteros para apoiar as tarefas de evacuação de pessoas e o transporte das vítimas para hospitais de Vitória. A Capitania dos Portos abriu um inquérito administrativo para esclarecer as causas da explosão e apurar eventuais responsabilidades. A conclusão das investigações sairá em no máximo 90 dias.

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A explosão foi o 50º acidente fatal em operações da Petrobras nos últimos cinco anos, incluindo plataformas em alto-mar e refinarias. Só em 2014 foram contabilizadas 15 mortes. O Sindicato e a Federação Única dos Petroleiros, entidades que representam os trabalhadores da Petrobras, cobram mais atenção à segurança nas plataformas produtoras de petróleo. Num momento em que a estatal encontra-se acossada por escândalos, sindicalistas argumentam que o dinheiro escoado pelos dutos da corrupção poderia ser investido para dar condições de trabalho aos funcionários. Na quarta-feira 11, o acidente foi causado por um vazamento de gás na praça de máquinas da casa de bombas da plataforma, tendo sido imediatamente controlado. Para evitar outras possíveis explosões, a companhia norueguesa BW Offshore suspendeu a produção, que chega a 2,2 milhões de metros cúbicos diários de gás natural. De acordo com a Secretaria de Saúde do Espírito Santo, a maior parte das vítimas, que sofreram traumas e queimaduras graves, recebeu os primeiros socorros nos hospitais Vitória Apart Hospital e Jayme Santos Neves, ambos referências em tratamento de queimados.

FPSO é um tipo de embarcação capacitada para a exploração, o armazenamento e o transporte de petróleo e gás natural. A FPSO São Mateus foi a primeira plataforma do gênero a explorar gás no Brasil. Ela atua no pós-sal dos campos de Camarupim e Camarupim Norte, na região litorânea de Aracruz, a cerca de 120 quilômetros da costa. A concessão do primeiro campo é operada pela Petrobras (100%) e a do segundo é uma parceria entre a estatal e a empresa Ouro Preto Gás e Petróleo (35%), presidida por Rodolfo Landim, ex-sócio de Eike Batista e que chegou a ser cotado para suceder Graça Foster – cargo que acabou sendo entregue a Aldemir Bendine.

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O navio tem bandeira panamenha e passou por inspeção da Marinha em 3 de abril de 2014. A próxima vistoria seria realizada ao completar um ano. Além do Cidade São Mateus, a BW opera o FPSO Cidade São Vicente, que atua no campo Lula, e o FPSO Polvo. A companhia norueguesa também é parceira do consórcio QUIP (Queiroz Galvão, UTC, Iesa e Camargo Corrêa) na plataforma P-63. Apesar da sociedade com empresas investigadas na Operação Lava Jato, a BW Offshore não foi citada.

Foto: Divulgação