A troca na Pasta do Meio Ambiente sinaliza, para o bem e para o mal, um novo estilo de política na defesa do setor. Um estilo mais em sintonia com os planos governamentais de crescimento, aberto a concessões e oferecendo pouca resistência a idéias que possam até contrariar os princípios de sustentabilidade e de preservação ecológica tão em voga. Na guerra de interesses, venceu o poder econômico. Mais uma vez. Mesmo que ao custo de algum arranhão na imagem externa do Brasil. O ministro que entra, o carioca Carlos Minc, já chega enfraquecido. Foi a segunda escolha do presidente Lula – o primeiro convidado para o cargo, o ex-governador Jorge Viana, declinou da proposta. Minc assume com a clara orientação de ser mais compassivo, menos apaixonado e mais pragmático nas gestões com seus colegas de Ministério. Minc tem projeção como ambientalista responsável, mas é também tido como hábil negociador. Seus pares o identificam como menos “xiita” nas convicções. Na Secretaria de Meio Ambiente do Rio de Janeiro, onde estava até a semana passada, Minc chegou a conceder, em pouco mais de um ano, cerca de duas mil licenças ambientais para projetos empresariais. O número equivale ao total de licenças concedidas por seu antecessor no cargo em um período de três anos de gestão. Minc atende, como poucos, a liberações quando essas são da conveniência de seus superiores. Liberou em prazo recorde várias obras estratégicas do Estado – entre elas a do Complexo Petroquímico do Rio, que enfrentava forte resistência pela ameaça de impacto ambiental que representava. Minc na secretaria fluminense foi ao mesmo tempo recibo de legitimidade ambiental para as idéias do governador Sérgio Cabral e peça-chave na aceleração econômica local. O presidente Lula quer o mesmo dele no Ministério. Várias são as questões que estão a necessitar do carimbo ambiental para ter andamento. O PAC, o plantio de transgênicos e a retomada de usinas nucleares são apenas algumas entre elas. O fator Minc decerto será favorável nesta direção. E isso é bom para o Brasil?