21/05/2008 - 10:00
CONTRA-ATAQUE Tom Cruise processou a editora por calúnia e difamação e pede indenização de US$ 200 milhões
Nas telas, o ator americano Tom Cruise usou e abusou de missões impossíveis – protagonizou três filmes com esse nome. Agora, na vida real, ele terá de encarar uma outra missão não menos difícil: recuperar e preservar a imagem de bom moço que sempre teve, em meio à série de bobagens que andou falando e à avalanche de críticas que vem recebendo à sua vida pessoal. Tom Cruise virou motivo de chacota ao pular sobre um sofá, no programa da apresentadora Oprah Winfrey, para expressar o seu amor a então namorada Katie Holmes, hoje sua mulher. Em uma outra entrevista, o ator criticou preconceituosamente a atriz Brooke Shields que revelara ter tomado antidepressivos para se recuperar de uma depressão pós-parto – enfermidade grave que não se trata sem medicamentos. Cruise fez isso em defesa dos preceitos da seita cientologia, muito em voga entre os famosos de Hollywood, e usou a expressão "ciência nazista" para classificar a psiquiatria. Foi aí que ele comprou uma briga bem maior envolvendo até mesmo autoridades de saúde pública dos EUA. São alguns desses episódios e também a vida amorosa do artista, incluindo a sua iniciação sexual, que compõem o livro Tom Cruise: biografia não autorizada (Editora Manole, R$ 49, 352 págs.), do escritor britânico Andrew Morton e que chega agora ao Brasil após causar muita polêmica nos EUA. Trata-se de um novo golpe na imagem de um dos galãs mais bem pagos do mundo. Essa recém-lançada biografia é uma espécie de "obras completas" das intimidades, indiscrições e gafes cometidas pelo ator ao longo de sua vida, reunindo histórias que jornais e revistas de celebridades cansaram de publicar Permas que estão no livro apimentadas com entrevistas de personalidades, familiares e colegas de trabalho. Sua ex-mulher, a atriz australiana Nicole Kidman, é um dos alvos do biógrafo. Ele a descreve como uma pessoa fútil, deslumbrada com o luxo, que se irritava, por exemplo, quando não havia caviar nos vôos particulares na aeronave do casal – um platinado jato Gulfstream.
NICOLE KIDMAN A atriz australiana e Tom Cruise ficaram casados por dez anos. Eles se separaram após protagonizarem o filme De olhos bem fechados
Morton dedica um número razoável de páginas à separação do casal e diz que o ator teria se comportado de forma intempestiva nesse episódio: levou para o campo pessoal do ciúme o que era apenas um roteiro de filme. A maioria dos mortais se separaria de sua mulher se soubesse que ela fez sexo oral com outro homem. No caso em questão, no entanto, o sexo oral entre Nicole e o ator Gary Goba não significava traição conjugal, mas apenas atuação profissional – mundo que Tom Cruise conhece muito bem. Trata-se de uma cena (de dois segundos) do filme De olhos bem fechados, de Stanley Kubrick. Ele pensava em incluir essa imagem, mas acabou descartando- a. É aí que entra o lado narcísico e até obscuro do biografado, ou, como diz o autor, o seu "totalitarismo velado". Outro ponto a demonstrar o Tom Cruise real e a desmontar o mito é a estranha maneira como acompanhou a gravidez de Katie Holmes. Eis o que ele, marido, lhe impôs: Katie não podia falar e tinha de se comunicar apenas com gestos para garantir a tranqüilidade do feto. Ou seja, Tom Cruise impôs à esposa uma louca "missão impossível". Lançado em janeiro, o livro está entre os dez best-sellers dos EUA. O ator já contra-atacou: pede na Justiça indenização de US$ 200 milhões à editora americana St. Martin’s Press alegando calúnia e difamação.
CARA DE MAU O ator em um de seus primeiros papéis no cinema: Vidas sem rumo, de Francis Copolla