30/01/2015 - 20:00
Muito comuns até o início dos anos 1990, fachadas de cinemas, teatros e salas de espetáculos costumavam trazer anúncios com imagens pintadas à mão. Produzidas individualmente, eram o oposto dos atuais cartazes padronizados – feitos em massa através de programas de design gráfico – e invariavelmente contavam com cores berrantes e eventuais erros de tamanho e proporção. Na exposição “Horizonte Viajante”, a artista paulista Vânia Mignone faz uma espécie de homenagem a essas antigas fachadas, mas isentando-as de qualquer nostalgia. Através do uso de cores primárias, ela trabalha com elementos de imagens publicitárias, letreiros e placas de sinalização, remetendo ao sentido de urgência presente em todos eles.
O próprio nome da mostra vem da ideia de que não somos nós que passeamos pelas paisagens urbanas, mas o horizonte, sempre aberto e indefinido, que “viaja” através de anúncios em transformação e movimento. Formada em artes e publicidade, Vânia já travou outros diálogos com a poesia visual e a tradição concretista antes. Expostos na Casa Triângulo, em São Paulo, seus trabalhos incorporam recortes, colagens e dobraduras, e fazem referências a diferentes mídias, como cinema, fotografia e quadrinhos. Ao trabalhar com xilogravuras, ela usa tinta acrílica no lugar de material de impressão durante a produção. Como suporte, papel de livros de sebo, fazendo com que as pinturas mantenham as ondulações, resquícios do material de origem.
Daniel Solyszko