A palavra-chave está na boca do povo e do governo: desenvolvimento. Do desejo à prática vai um longo caminho que está a exigir do presidente reeleito, Lula, uma ação imediata. Superada a fase das promessas eleitoreiras, da pancadaria com a oposição e da velha artimanha de comparação com governos de um passado remoto, é hora do grande teste. Existe de fato uma estratégia consistente para tirar o Brasil da eterna condição de emergente e promovê-lo ao clube das potências, como sugere Lula? E o plano se ampara em quê? A desoneração tributária, o recuo dos juros, a geração de empregos, a retomada de consumo, as reformas estruturais e a revisão política são faces de uma agenda positiva que não pode mais esperar.

Disputas partidárias devem ser colocadas de lado. A governabilidade nessa nova etapa exige uma aliança ampla, sem ressentimentos nem perseguições. Não há espaço – e a população mostrou isso no voto – para se entrar numa espécie de terceiro turno, como alguns classificaram a possibilidade de combater o novo governo na Justiça. Os erros, os escândalos administrativos do primeiro mandato, existiram e não foram pequenos. Mas o que o Brasil menos precisa agora é manter exposta a ferida. Com humildade, o time de Lula deve evoluir para uma atuação mais produtiva, com realizações em escala e menos falatório. Acabou a campanha e todos devem descer do palanque. As comemorações ficaram no domingo passado e vem pela frente um árduo trabalho. O presidente tem um enorme cacife político para ir adiante nas mudanças do País, na negociação com o Congresso, na aprovação do que todos entendem como vital. Ele precisa saber usar esse cacife com responsabilidade. Não é surpresa para ninguém, está registrado nos anais da história política mundial, que todo segundo mandato, invariavelmente, é pior que o primeiro. O eleito tende a se acomodar com o referendo dado a seus atos, esquece o essencial, e os problemas só se avolumam. Lula tem uma chance especial de mudar a sina e de escrever seu nome na galeria dos presidentes brasileiros cujas realizações viraram o curso do País.