Desde cedo os meninos são educados para ser loucos por carrões, dirigir em alta velocidade e usar sempre cinto de segurança. Embora o Código Brasileiro de Trânsito obrigue crianças menores de dez anos a andar no banco de trás, atadas ao cinto, é difícil fazê-las cumprir a regra. Na maioria dos automóveis vendidos no País, quem tem menos de 1,40 m fica preso na altura do pescoço. Para seguir a lei, os pais têm de recorrer a adaptações, como almofadas e cadeirinhas, além do cinto de segurança infantil, uma espécie de colete adaptado. Agora há até rede de proteção só para elas.

O safety kids, uma rede feita para ser colocada no vão entre os bancos dianteiros dos veículos, é uma invenção do comerciante paulistano Cláudio Bressa. Aficionado por carros, ele criou o acessório depois que o sobrinho, Timóteo, de sete anos, foi arremessado em direção ao painel do carro em um acidente. “Funciona como uma proteção extra”, explica Bressa. “Impede que a criança passe para a frente do carro enquanto o pai está dirigindo.”

Vendido a R$ 85 em lojas especializadas, o safety kids não elimina a necessidade de se usar cinto de segurança. Assim como os assentos especiais para crianças ou as cadeiras tipo bebê-conforto, é mais um acessório adaptado, e não um equipamento de segurança propriamente dito. Seu uso é comparável ao dos cintos de segurança infantis em forma de colete, que permitem às crianças sentar, ajoelhar e até deitar no banco de trás dos veículos. Apesar de atender às preocupações dos pais – que nem sempre conseguem manter os pequenos atados num cinto por horas –, ambos ainda não têm aprovação do Instituto de Qualidade do Brinquedo e de Artigos Infantis (IQB), órgão de certificação credenciado pelo Inmetro. No entanto, a paulistana Thaís Vianna prefere utilizar o cinto adaptado a deixar o filho João Pedro, quatro anos, solto no carro. “Ele não consegue ficar sentado no banco de trás, sem se mexer, mais do que dez minutos”, comenta Thaís. “Pelo menos assim, ele tem um mínimo de proteção. Meu caçula, Luca, de sete meses, vai ao lado dele, no bebê-conforto.” Roberto Scaringella, do Instituto Nacional de Segurança no Trânsito, diz que a regra é: “Ao utilizar um cinto adaptado, é imprescindível ancorá-lo no cinto normal, de adulto.”

Dados do Insurance Institute for Highway Safety, organismo americano que realiza testes de equipamentos de segurança do trânsito, indicam que crianças colocadas em cadeirinhas do tipo bebê-conforto atadas ao cinto têm 80% menos risco de sofrer lesões em caso de acidente. O simples uso de um assento adaptado, aliado ao cinto comum, diminui em 71% as chances de lesões. Mas como o Código de Trânsito não estabelece que tipo de equipamento é o mais adequado para crianças, no Brasil esses itens são considerados opcionais. Alguns fabricantes, como a Volkswagen e Volvo, oferecem produtos com suas marcas, a preços que variam de R$ 404 a R$ 610. Na tentativa de ampliar o seu uso, a partir de setembro, a General Motors, em parceria com a ONG Criança Segura – Safe Kids Brasil, lançará uma campanha de conscientização e também cadeirinhas com a sua marca (R$ 400 em média).