30/05/2007 - 10:00
ALERTA Guarda Nacional usa alto-falantes para atrair mãe e filho para o Pacífico
Baleias são curiosas, sobretudo as da espécie jubarte. Pois bem: duas delas, mãe e filho, saíram de sua rota de migração pelo oceano Pacífico, abandonaram as águas mexicanas e enveredaram pelo rio Sacramento, nos EUA. Acabaram se perdendo. Pior: estão feridas. Elas abandonaram o fluxo migratório, que acontece anualmente nessa época do ano, movidas pela curiosidade – foram atraídas pela movimentação de barcos e navios e se machucaram nas hélices dessas embarcações. Até a quinta-feira 24, equipes de angustiados biólogos tentavam a todo custo fazê-las retomar o seu habitat marinho. "As suas reservas de gordura estão baixíssimas, temos pouco tempo para salvá-las. Espero que nosso plano dê certo", disse o veterinário Frances Gullan, do Centro de Animais Mamíferos Marinhos da Califórnia. O plano de Gullan consiste na gravação e emissão de sons de baleias-jubartes se alimentando, na tentativa de que tais ruídos norteiem as duas desgarradas. Do ponto em que elas estão no rio Sacramento até o Pacífico são 144 quilômetros – esse é o trecho no qual o homem servirá de pastor para o maior mamífero da natureza.
Mais que simples grunhidos, as baleias- jubartes emitem sons afinados numa seqüência de notas e, dessa forma, se organizam e se comunicam umas com as outras – os especialistas chamam esses sons de "canto". "Um ciclo de canto de uma jubarte dura em média de dez a 35 minutos", diz o biólogo americano Joe Cordaro, do Serviço Nacional de Pesca Marinha.
Faz sentido, assim, que se tenha agora apelado para esse recurso natural na tentativa de salvar as duas baleias perdidas. "Estamos usando alto-falantes submergíveis, e como seria bom, por exemplo, se elas traduzissem esses sons como: está na hora de todas jantarem", diz Cordaro.
Há, porém, uma característica das jubartes que rema contra o método de salvamento empregado: o que elas têm de curiosidade, têm às vezes de medo. Essa espécie mede, em média, 14 metros de comprimento e chega a pesar 40 toneladas. Mas, diante de algo nunca visto, elas se assustam e, uma vez assustadas, ficam paralisadas em vez de fugirem. Após se ferirem em hélices de barcos, as duas fugitivas nadaram sangrando pelo rio Sacramento e empacaram quando depararam com uma ponte de intenso tráfego de veículos. Elas estão machucadas e amedrontadas. E é desse ponto do rio que se tentava resgatálas na quinta-feira 24.