ADRENALINA Na Chapada dos Veadeiros, equipe treinada oferece segurança no “cascading”

O turismo brasileiro está deixando de ser um samba de uma nota só. Depois de quase três décadas apostando no Carnaval como carrochefe das atrações nacionais, o País investe num filão que é cada vez mais raro no mundo e aqui ainda há em abundância: destinos que reúnam natureza e prática de esportes ao ar livre. Os roteiros ecológicos e de aventura movimentam hoje R$ 290 milhões anualmente e empurram o setor para a profissionalização. Neste ano, a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) criou normas para o segmento e agora há selo de qualidade e segurança emitido por organismos certificados pelo Inmetro. A idéia é organizar um negócio que, embora atenda a três milhões de usuários por ano, conta com 20% de seus agentes de turismo trabalhando na informalidade. “A prestação de serviços aqui é ainda muito heterogênea, mas esperamos reduzir essa discrepância”, diz Israel Waligora, presidente da Associação Brasileira das Empresas de Ecoturismo e Turismo de Aventura (Abeta).

O turismo de aventura começou a se desenvolver no País há pouco mais de uma década. Na época, alguns empresários perceberam que era economicamente viável oferecer ao turista opções de lazer diferentes da dobradinha praiaserra, se ao roteiro fossem acrescentadas alternativas de entretenimento que permitissem uma maior interação com a natureza. Por esse caminho foram pioneiras Bonito, em Mato Grosso do Sul, e Brotas, em São Paulo.

Hoje, estima-se que duas mil empresas comercializem cerca de 25 atividades de aventura, que vão desde uma caminhada pela mata até mergulhos em lagos de cavernas. A diversidade de cenários dá ao País potencial para se transformar em um dos principais pólos mundiais de turismo de aventura. Atento a esse filão milionário, o Ministério do Turismo se uniu à iniciativa privada e vem implementando, desde 2006, o programa Aventura Segura. Na primeira etapa, 16 destinos foram priorizados (leia quadro). Entre os escolhidos está a paulista Socorro, na Serra da Mantiqueira. A aposta deu novo fôlego à estância hidromineral, que serviu de exemplo para sete municípios vizinhos. “Essas cidades criaram uma nova opção econômica para elas”, diz o empresário Sérgio Franco, diretor da Adventure Sports Fair, feira que reúne anualmente operadores de serviços do setor de aventura.

MARCELO SKAF

LAZER Arvorismo em Foz do Iguaçu é uma das opções que vão além das cataratas

CARLOS ZAITH

RIQUEZA Rapel em Brotas e passeio em cavernas no Parque Estadual Turístico do Alto Ribeira (SP)

RIQUEZA Rapel em Brotas e passeio em cavernas no Parque Estadual Turístico do Alto Ribeira (SP)

A expectativa é de que o Brasil siga os passos da Nova Zelândia, onde há duas décadas uma iniciativa semelhante transformou o turismo de aventura no principal produto de exportação do país, que corresponde a 10% do PIB, emprega 150 mil pessoas e recebe dois milhões de visitantes ao ano. Para tanto, o governo criou diversas áreas de preservação ambiental, investiu em certificações e patrocinou iniciativas que mostrassem as paisagens do país ao mundo. Incentivar a produção cinematográfica foi uma delas. “Filmes como O piano e O senhor dos anéis trouxeram milhares de turistas ao país”, conta o diretor de marketing da New Zealand Film Commission, Lindsay Shelton.