14/03/2001 - 10:00
Em meio ao crescente tiroteio entre ACM e FHC, e na véspera do anunciado discurso do baiano no Congresso, com promessa de ataques ao presidente da República, a sucursal de Brasília de ISTOÉ recebeu a informação de que o velho senador teria um encontro secreto com procuradores da República. Farejava-se mais um furo. Discretamente, os fotógrafos André Dusek e Ricardo Stuckert foram para a frente do prédio do Ministério Público, onde estava o carro oficial de ACM. Confirmada a informação sobre o encontro, Mino Pedrosa e Andrei Meireles, autores, com Mário Simas Filho, do conjunto de reportagens sobre a briga ACM vs. FHC, procuraram saber o que se falou lá dentro. Conforme o instigante relato dos próprios jornalistas, publicado a partir da pág. 24, eles contataram o procurador Luiz Francisco de Souza e, depois de muito pressionar, tiveram acesso ao conteúdo das fitas registrado pelo gravador escondido no bolso dele.
O trabalho dos repórteres resultou na reportagem de capa Facada pelas costas, publicada na edição 1639 de 28 de fevereiro. O procurador Luiz Francisco, que tem fama de excêntrico e é autor de ações admiráveis na história recente do País, como a cassação do deputado da serra elétrica Hildebrando Pascoal, depois de desentendimentos com seus pares, pisou nas fitas que os repórteres de ISTOÉ ouviram, danificando seus invólucros. Pegou os destroços de plástico com as fitas quase intactas e entregou tudo aos procuradores Guilherme Schelb e Eliana Torelly, participantes do encontro com ACM e um assessor. Schelb, posteriormente, declarou que ele e Eliana haviam queimado as fitas. Luiz Francisco arrependido, chamou os repórteres e disse que tinha usado simultaneamente um outro gravador, escondido em uma sala contígua à do encontro, e entregou-lhes outra fita, com má qualidade de gravação.
A pedido de ISTOÉ, o perito Ricardo Molina conseguiu recuperar 70% da audibilidade desta fita. O suficiente para comprovar que:
1) O senador Antônio Carlos Magalhães foi secretamente ao Ministério Público;
2) Na conversa com os procuradores, ele forneceu caminhos para se chegar ao ex-secretário Eduardo Jorge e assim atingir Fernando Henrique Cardoso;
3) Na mesma conversa, em um rompante de entusiasmo, confessou saber como votaram os senadores na sessão secreta que cassou Luiz Estevão;
4) A fita entregue por esta revista ao perito é autêntica e não sofreu edição alguma;
5) Os diálogos divulgados por ISTOÉ realmente aconteceram.
O senador Antônio Carlos Magalhães, ao mirar o presidente Fernando Henrique Cardoso, acabou acertando o próprio pé e forneceu um roteiro para uma ação investigativa. O resto não passa de manobras diversionistas e bizantinas.