Um movimento em favor da melhoria da qualidade de ensino uniu empresas e ONGs, além de instituições como o Senai e Senac, e conseguiu garantir a permanência de crianças na sala de aula em Campinas (SP). Cerca de 35 mil estudantes de 48 escolas públicas da periferia da cidade já foram atendidos pelo programa Aliança de Campinas pela Educação, por meio de cursos de alfabetização, reforço escolar e projetos de prevenção contra o uso de drogas. Dois mil e quinhentos professores também receberam cursos de formação e aperfeiçoamento, além de treinamento para desenvolver os projetos nas escolas. A iniciativa é da Fundação das Entidades Assistenciais de Campinas (Feac), que já beneficiou mais de 100 mil moradores de baixa renda de Campinas. No ano passado, a Feac – que reúne mais de 100 entidades filiadas – investiu R$ 7,7 milhões em programas sociais. Os recursos previstos para o próximo ano são de R$ 9,1 milhões.

Um dos principais projetos é o Qualidade na Escola, que busca a melhoria de rendimento dos alunos da rede pública nas aulas de português e matemática. O objetivo é fazer com que os estudantes obtenham, no mínimo, 75% de aproveitamento. O projeto envolve 3.500 alunos da primeira à quarta séries do ensino fundamental e cerca de 200 professores. É desenvolvido em parceria com 25 empresas da região, entre elas a DPaschoal, EPTV e Dowcorning. “Fizemos uma avaliação do aprendizado dos estudantes e detectamos um índice muito alto de analfabetismo. Decidimos, então, fazer um grande investimento para reforçar o ensino”, explica a pedagoga Maria Bernadette Gonçalves, coordenadora da área educacional da Feac.

A Feac de Rezende acumula prêmios

Integrada ao projeto, a Escola Estadual de Ensino Fundamental Antônio Fernandes Gonçalves, localizada em um bairro pobre de Campinas, passou por uma transformação radical. O “Fernandão”, como era conhecida, havia se transformado num ponto de drogas, segundo moradores. Agora, depois de uma reestruturação e do trabalho do Qualidade na Escola, é considerada uma escola-modelo. “Temos até fila de espera”, garante Maria Aquinina de Magalhães, diretora do colégio. Os números confirmam. O índice de evasão caiu de 52%, em 1998, para 2%, no ano passado. Oitenta por cento dos alunos foram alfabetizados já na primeira série.

Outro programa que tem garantido bons resultados é o Ame a Vida sem Drogas, dirigido a crianças de nove a 15 anos. Seis mil jovens estão sendo atendidos pelo projeto, que prevê atividades artísticas e culturais, como as oficinas de capoeira, artes circenses e balé. Realizadas fora do horário escolar, essas atividades evitam a ociosidade e ajudam a manter os estudantes longe das drogas. Uma parceria com o Conselho Municipal de Entorpecentes e com o Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente garante a realização do trabalho. “Estimulamos a auto-estima e os valores desses jovens para que eles resistam ao contato com as drogas”, afirma o engenheiro Arnaldo Rezende, superintendente da Feac. A fundação já recebeu duas vezes o Prêmio Bem Eficiente (em 1997 e 2000), dado pelo Instituto Kanitz, como uma das melhores entidades sociais do Brasil.