Já exatamente um ano a chamada Nova Economia teve seu momento mais excitante: a Bolsa automatizada Nasdaq – criada em 1971 para negociar ações de empresas de alta tecnologia (telefonia celular, microeletrônica, software, internet, biotecnologia) – respondia então por 40% do volume de todas as ações negociadas no mundo e por 63% nos EUA. Sua irmã mais velha e rival mais próxima, a Bolsa de Nova York, com seu tradicional sistema de pregões, ficava com apenas 19% do movimento mundial e 30% do americano. O índice representativo do preço médio das empresas negociadas na Nasdaq saltou de 2.500 pontos em setembro de 1999 para um recorde de 5.048 pontos em 10 de março de 2000.

Era o auge da crença numa revolução sem precedentes na história da economia. Via-se uma futura Microsoft em cada empresa que parecesse ter algo a ver com as novas tecnologias, cujo impacto positivo nos negócios e na economia proporcionaria para sempre um crescimento contínuo, sem limites, sem interrupção e sem inflação. Livre das amarras do cansativo mundo material, uma nova era de abundância se desenvolveria com base no conhecimento e na informação. De agora em diante, se poderia contar com lucros sempre crescentes e os velhos manuais de economia poderiam ser jogados no lixo.

Então, a Nasdaq iniciou uma melancólica decadência. Já caiu cerca de 58% e está hoje abaixo dos 2.200 pontos. Os investidores de hoje seguem de perto a trajetória de seus avós no início da Grande Depressão de 1929 (leia quadro). Cada nova baixa faz alguns investidores acreditar que o fundo do poço já foi atingido e voltar a comprar, produzindo uma alta às vezes forte, mas momentânea. Mas os dias de baixa têm sido bem mais freqüentes. Na média, a Nova Economia continua descendo a ladeira. A era da exuberância irracional – conforme a definiu Alan Greenspan, presidente do banco central americano – ameaça ser seguida por uma onda de pessimismo igualmente irracional. O que houve?