14/03/2001 - 10:00
Em 15 dias, Herbert Vianna deverá deixar o Hospital Copa D´Or e voltar para casa. Será mais uma etapa da árdua batalha pela vida iniciada cinco semanas atrás, quando aconteceu o acidente que o feriu gravemente e matou sua mulher, a jornalista Lucy Needham. O resultado do exame da medula do cantor, feito na quarta-feira 7, revelou aquilo que amigos, fãs e familiares temiam: é provável que ele não volte a andar em menos de um ano devido à lesão sofrida na 12ª vértebra.
Herbert precisará de fisioterapia e fonoaudiologia intensas e necessitará de assistência durante 24 horas por dia. Os médicos, entretanto, não desanimam e acreditam que a paraplegia pode ser revertida no futuro. Além disso, eles consideram que o fato de o músico estar vivo representa uma vitória da medicina. Herbert, que escapou de morrer afogado, recebeu atendimento emergencial eficaz e tratamento médico de primeira. “Não podemos esquecer que ele é sobrevivente de um acidente aéreo”, diz o neurocirurgião Paulo Niemeyer Filho.
Submetido a cirurgias no cérebro, na coluna, no pulso e nos pulmões (leia o quadro), o cantor se recupera com relativa rapidez e dá sinais de que poderá retomar sua vida. Pelo menos parcialmente. Ele já reconhece os pais, os filhos Luca, oito anos, Hope, cinco anos, Phoebe, um ano, e amigos. Forma frases, embora não mantenha uma conversação. Ainda não sabe que está viúvo. Assim que perguntar da mulher, o brigadeiro Hermano Vianna, seu pai, deverá dar-lhe a dura notícia.
Desde o acidente, os médicos são cautelosos em fazer prognósticos. Embora a situação do músico seja indefinida, eles acreditam ter cumprido o dever. “Recebemos um homem quase morto (com 4 na escala Glasgow, de 3 a 15, que avalia o grau de coma) e vamos devolver um pai de três filhos com boas chances de criá-los e de reassumir sua vida, integral ou parcialmente”, resume o pneumologista João Pantoja, diretor-médico do Copa D’Or.
Niemeyer Filho afirma que é impossível prever o ritmo de recuperação do cantor. “Há uma semana ele não falava, agora fala. Não nos entendia, agora entende. Supera progressivamente as dificuldades”, avalia. De acordo com o neurocirurgião, Herbert mostra que tem maior domínio das suas vontades. “Na primeira vez que lhe estendi a mão, ele correspondeu. Na última, não”, conta. Para Niemeyer Filho, o músico sofrerá uma amnésia pós-traumática mesmo que não tenha dificuldades de lembrar dos fatos anteriores ao acidente. “Provavelmente ele jamais vai poder dizer se fez ou não uma pirueta com seu ultraleve”, suspeita.