Em 17 de abril de 1951, uma terça-feira do segundo governo Getúlio Vargas, a direção do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico realizava sua primeira reunião. A missão do CNPq era desenvolver no Brasil a ciência, a tecnologia e a energia atômica. Em pouco tempo, o terceiro objetivo virou frustração, com a pressão americana para o Brasil abandonar o caminho da bomba. E os outros dois objetivos? Meio século depois, o cenário parece tão diversificado — e desaninador — como a desigualdade social. O Brasil é o país latino-americano que mais publica artigos com descobertas científicas. Apesar disso, come poeira na competição internacional por inovações tecnológicas e exportação de produtos de ponta.

Na década de 80, Brasil e Coréia registravam, cada um, dez patentes por ano nos Estados Unidos. Em 1998, a Coréia registrou três mil patentes e o Brasil, 50. Somos o 27º colocado na lista da Ompi, agência da Organização das Nações Unidas que registra pedidos de patente. Foram 161 pedidos brasileiros em 2000. No topo da lista, os EUA requisitaram 38.171 patentes. A pior notícia, porém, é que somos um grande importador de tecnologia. “Para cada US$ 1 vendido, o País compra entre US$ 5 e US$ 6, e a defasagem tecnológica aumenta a cada ano”, diz Virene Matesco, professora da Fundação Getúlio Vargas do Rio. Ela também investigou 85 empresas multinacionais e seus investimentos em pesquisa. Conclusão: “Elas gastam cerca de 3,75% de seu faturamento em tecnologia, mais do que as companhias nacionais, mas é ainda menos que os 4,5% investidos em outros países”, afirma Virene.