21/03/2001 - 10:00
A paulistana Paula Oliveira é uma administradora de empresas competente. Foi uma aluna dedicada, tem um histórico escolar salpicado de boas notas e os estágios foram concluídos com fartos elogios. Recebeu o diploma no final de 1999 e recusou algumas propostas. Garante estar empolgada com o emprego atual, no setor administrativo de um grande banco nacional. Paula está feliz, mas a grande maioria dos jovens que ousarem escolher o método adotado por ela para determinar seu curso superior correrá um sério risco de transformar a caminhada num retumbante fracasso. Confusa diante da tarefa de escolher entre psicologia, direito e administração – este último, uma opção incluída dias antes das inscrições para o vestibular –, Paula sentou-se na escadaria da faculdade e decidiu a parada no palitinho, na base do “minha-mãe-mandou-tirar-esse-daqui”. Veio o palitinho da administração. Hoje, o alívio por ter concluído o curso e se identificado com a carreira facilita a autocrítica. “Sei que não foi o método correto. Houve até uma certa irresponsabilidade. Mas o fato é que o resultado foi positivo. Adoro o que faço”, diz ela.
André Sarmento |
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Paula escolheu administração no palitinho, mas está feliz |
Na maior parte dos casos, a inexperiência, a falta de informação e o conhecimento insuficiente da própria personalidade levam muitos jovens a um resultado bem diferente do obtido por Paula. Escolhas precipitadas e mal conduzidas contribuem decisivamente para índices de evasão no nível superior, que, em algumas áreas, chegam a 40% dos alunos. Um instrumento poderoso para diminuir esse drama é a orientação vocacional, um conjunto de técnicas e ferramentas organizado para ajudar as pessoas a escolher, com margem reduzida de erro, uma profissão ou curso superior. São cursos de cinco a 15 sessões de duas horas, em média. Nos primeiros encontros, os alunos são submetidos a práticas de dinâmica de grupo, leituras e exercícios que estimulam o autoconhecimento e fornecem informações preciosas sobre as profissões. Em seguida, discutem-se os conceitos precisos e as fantasias sobre as carreiras desejadas. Além disso, o aluno é incentivado a discutir critérios éticos, morais e sociais e a levar em conta esses valores na escolha. No final do trabalho, com as informações necessárias, o aluno faz a opção ou, pelo menos, reduz a confusão anterior a duas profissões próximas ou complementares.
Américo Vermelho |
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Sumaya vai conciliar psicologia com artes cênicas |
Por um mundo melhor – “Escolher uma profissão significa fazer um projeto de futuro e tentar descobrir, minimamente, como intervir para melhorar o mundo”, resume o pedagogo Silvio Bock, coordenador do Nace, um instituto paulistano com mais de três mil orientações vocacionais nos registros. “A escolha faz parte do projeto de vida. Mais do que descobrir a vocação, é hora de olhar o passado pessoal, conhecer as profissões e a realidade que dá os contornos da sociedade”, completa ele. Indicados para estudantes do ensino médio, vestibulandos e adultos dispostos a repensar a escolha profissional, esses cursos substituíram os antigos testes vocacionais de aptidão feitos num único dia. Hoje, a maioria dos especialistas considera aqueles testes limitados e com potencial de gerar equívocos perigosos.