21/03/2001 - 10:00
A dengue está assustando muita gente. Os últimos dados da Fundação Nacional de Saúde (Funasa), do Ministério da Saúde, de janeiro, totalizam 14 mil casos notificados no Brasil. O número é alto, mas o governo garante que a situação não é tão ruim. “Em 2000, nesse mesmo período, foram notificados 24 mil casos. Isso nos leva a crer que neste ano a ocorrência da dengue será menor”, afirma o presidente da Funasa, Mauro Costa, lembrando que, no ano passado, ocorreram 230 mil casos.
Março e abril, meses quentes e chuvosos, são propícios à proliferação do mosquito Aedes aegypti, transmissor do vírus da dengue. Nesse período, as pessoas devem aumentar os cuidados para evitar a doença. “Estamos em guerra contra o mosquito. A população deve eliminar pontos de água parada e não acumular lixo”, avisa Costa. Nas regiões de maior incidência — Acre, Roraima, Rio Grande do Norte, Rio de Janeiro, Distrito Federal e São Paulo —, o combate foi intensificado com a ajuda de voluntários.
Em São Paulo, a situação é preocupante. “O número de casos está acima da média dos últimos dez anos. É uma epidemia e tende a se agravar se o trabalho não for perfeito”, alerta Carmen Glasser, da Secretaria de Saúde do Estado. Até a semana passada, foram registrados 2.374 casos no Estado. De acordo com Carmen, em 2000 as ocorrências chegaram a 3.532. Entre as razões para a força da epidemia neste ano estão o corte de pessoal da saúde pública e dificuldades no repasse de verbas pelo governo federal.
Em Minas Gerais, a dengue não é a principal ameaça. Até a primeira quinzena deste mês, a secretaria estadual recebeu 3.257 notificações. Entre janeiro e fevereiro do ano passado, foram 13.198 casos. O maior temor dos mineiros é a febre amarela silvestre. Ao contrário da dengue, a doença não tem uma época específica de alastramento. O transmissor, o mosquito do tipo Haemagogus, está nas matas e ataca o ano inteiro. Até agora, são 33 casos notificados e dez mortes confirmadas na região centro-oeste do Estado. No ano passado, foram registradas duas ocorrências. A situação se agravou porque o índice de vacinação contra a febre amarela está abaixo do exigido em áreas de risco. “Nossa cobertura estava em 70%, mas deveria ser de 100%”, revela Francisco Lemos, da Secretaria de Saúde de Minas. Agora, os agentes correm contra o tempo. Até o próximo dia 31, eles pretendem cumprir a meta de 100% de vacinação nos municípios mais ameaçados. Não é hora de ter medo da picada da agulha.