Croquetes, empadinhas, rissoles já eram. Alguns bufês têm se esmerado em oferecer petiscos diferentes, de deixar qualquer convidado em dúvida: afinal, que coisa é essa e como se come? Não raro, nem os garçons sabem o que estão servindo. Como a competição é grande, a toda hora aparecem serviços cheios de novidades. Tanto as bandejas como as mesas ganham decorações caprichadas, exóticas e, algumas vezes, de gosto duvidoso. Seja como for, a comida fica em segundo lugar, tamanha a quantidade de adereços. Foi pensando nessas questões que surgiu no Rio de Janeiro o conceito de food style — algo como estilo de comer e servir.

As sócias do bufê carioca Cooking, a ex-modelo Adriana Mattar e a arquiteta Ana Bellotto, assinam festas poderosas, como a do lançamento da novela Um anjo caiu do céu, da Rede Globo, ou jantares nas casas dos empresários Olavo e Lilibeth Monteiro de Carvalho. Os garçons são orientados para ensinar a degustar os pratos mais complicados. “Não é ensinar, mas mostrar outra forma de degustação”, corrige Ana, ex-mulher do titã Tony Belloto. Como comer, por exemplo, um figo com uma coisa esponjosa dentro? Antes que os convidados se confundam, o garçon explica que o figo sem miolo é usado como recipiente para o sorbet da própria fruta batido com água-de-coco. E deve ser saboreado com uma pazinha de madeira. “Nossa proposta é divertir, surpreender”, diz Adriana, que fez curso no Japão e vive pesquisando culinárias exóticas.

Outra adepta do estilo rebuscado, Maria Luiza Ferrari, do bufê Produções Culinárias, é responsável pelo abastecimento gastronômico de eventos de peso, como o camarote da Coca-Cola durante a festa Boi de Parintins, no Amazonas. Mesmo em pequenos jantares, Maria Luiza nunca segue o cardápio tradicional. Principalmente se o cliente for moderninho. Aí, vale tudo, comida francesa, tailandesa, italiana, japonesa ou uma mistura de todas. Maria Luiza frequentou escola em Nova York, onde aprendeu a reengenharia das receitas. Um must do Produções Culinárias é o rolinho primavera, feito com papel de arroz importado da Tailândia. “O food style está muito voltado para o visual da comida”, explica.

Há quem não aposte os talheres nessa nova onda. A gaúcha radicada em São Paulo Neka Menna Barreto, conhecida por revolucionar a maneira de servir suas iguarias — já usou muito gelo seco fumegante em mesas imensas —, é contra exageros. Para Neka, o visual deve explicar tudo, sem causar constrangimento a ninguém:“Não ofereço nada com caroço, osso ou casca e sou contra bula. Todo mundo quer se deliciar com a comida e não se confundir.” Veterano chef de cozinha e dono de bufê, o paulista Darcio Santos vê o food style com receio. “Existe uma linha tênue entre a invencionice e a criatividade. Todo o cuidado é pouco. Mas nada impede que essa moda pegue”, afirma Darcio. O artista plástico mineiro Josemogue discorda. “Tudo é arte: a comida, os utensílios, o ambiente em que se come”, diz ele, que promove jantares food style às sextas-feiras em seu ateliê, em Santa Teresa, no centro do Rio, só para os amigos. Entre eles, sente-se mais à vontade para explicar tintim por tintim como comer suas extravagantes iguarias.

Colaborou Angela Oliveira 

Fique por dentro

O rolinho primavera (de pato) com molho agridoce é um aperitivo quente que não pode faltar no cardápio moderninho. Não tenha medo de desfazer o desenho oriental: sirva-se, com a mão, de um rolinho por vez. Besunte a ponta no molho, em recipiente na mesma bandeja.